O Governo Democrático e Popular de São Paulo (1989-1992) caracterizou-se por inúmeras iniciativas que contribuíram para o objetivo estratégico de inversão das prioridades na cidade. O transporte coletivo controla tempos, usos, acessos e pode reforçar a estrutura social excludente. Por isso, foi um dos temas prioritários de nosso governo, tendo sido marcado pelo projeto da Tarifa Zero para o sistema de ônibus. Apresentada pelo então secretário municipal de Transportes, Lucio Gregori, implicava uma reforma tributária radical e progressiva.
Apesar de grande aprovação popular, não foi sequer votada pela Câmara Municipal. Mas ela sobreviveu: foi central nas jornadas de junho de 2013 e hoje é praticada ou estudada no Brasil e no mundo. O projeto era e é factível de todos os pontos de vista: técnico, econômico e social, mas dependia de viabilidade política. Com ele, abriu-se caminho para uma nova contratação do serviço de ônibus que levou à maior aprovação desse serviço pela população na história da cidade. Este livro, além de atualização histórica, é importante e oportuno ao relatar a construção de uma proposta que hoje, trinta anos depois, permanece atual. Em 2015, nessa mesma luta, nosso mandato conseguiu a inclusão do transporte como direito social na Constituição Federal. Sua regulamentação é uma grande tarefa que doravante se coloca. A Tarifa Zero e sua história, relatada e discutida aqui, são fundamentais para a construção de uma sociedade justa e digna.
Luiza Erundina de Sousa, deputada federal pelo PSOL e ex-prefeita de São Paulo
Sobre el autor
Chico Whitaker
Com 88 anos, é jovem há mais tempo que os outros do bando. Formado arquiteto-urbanista, quando tinha ilusões, se meteu em tantas que virou um especialista em ideias gerais. Pagou com quinze anos de exílio e pauladas na cabeça com o golpe no Chile (onde servia à Cepal). Aos 58 anos, virou vereador, e teve a pretensão de ajudar a aprovar a Tarifa Zero. Mais adiante, se meteu no tal de Fórum Social Mundial.
José Jairo Varoli
Formado e pós-graduado em Economia pela PUC-SP. Foi gerente de departamento da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), e, no governo Erundina, convidado por Lucio Gregori, assumiu as seguintes funções: diretor de Gestão da Companhia de Transportes Coletivos (CMTC) e presidente da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Viu no fundão da Zona Sul as pessoas entrarem nos ônibus pela janela. ‘Fomos muito além da ampliação da frota. Criamos a Tarifa Zero’, resume.
Lucio Gregori
É um jovem de 83 anos. É engenheiro e pós-graduado em Mecânica dos Fluidos pela Poli-USP (ninguém é perfeito…). Foi diretor de Planejamento da Emurb, diretor técnico da Emplasa e de Planejamento da Fundação Seade. Soube pelos jornais que fora escolhido como secretário municipal de Serviços e Obras de Luiza Erundina e depois foi secretário municipal de Transportes. O resto vocês verão no texto do livro…
Márcia Sandoval Gregori
Mestre, arquiteta, urbanista e pós-doutoranda pela FAU-USP, trabalha como professora. Seu desejo é fazer do mundo um lugar mais justo e prazeroso para todos, equilibrando a potência feminina e a masculina numa sociedade baseada na colaboração e valorização do sensível em lugar da competição. É considerada uma pessoa muito radical e um tanto brava. E é isso mesmo! Lutar por esse mundo diferente exige sonhar, mas também se indignar e desconstruir narrativas naturalizadas na realidade atual. Bem no espírito da Tarifa Zero e deste livro.
Mauro Zilbovicius
Corintiano, doutor, mestre e engenheiro de produção pela Poli-USP. Em 1980-1981, ajudou a fundar o PT, tendo sido o primeiro vice-presidente do diretório distrital Santa Cecília e Campos Elíseos, em São Paulo. À época, construir o PT significava lutar contra a injustiça e a desigualdade. Entrou no Governo Erundina, convidado por Lucio Gregori, querendo transformar a cidade e a política não só no limite do possível, mas – e é isso que faz diferença – tensionando e alargando o possível. Por isso, ajudou a inventar a Tarifa Zero. Continua tentando inventar coisas assim.