O romance A rainha do Quariterê é narrado em primeira pessoa por um escravo que foge para viver no Quilombo do Piolho, no século XVIII. Ele é o responsável por contar a história de José Piolho e principalmente de Tereza de Benguela e o sistema de vida dentro do quilombo. O romance valoriza principalmente as mulheres do quilombo, vistas pelo narrador-personagem como mulheres fortes e determinadas, ao ponto de considerá-las ‘bruxas’ pelos dons e certos ‘feitiços’ que fazem. Tereza é a rainha, admirada por todos, não só pelos que vivem no quilombo, mas também pelos moradores das redondezas. Ela é considerada a única e legítima rainha em terras brasileiras (nem mesmo Carlota Joaquina fora rainha), numa crítica ao nome dado à comunidade após a dizimação do quilombo, Aldeia Carlota.
‘Às vezes pergunto só por perguntar. O sinhô responde se quiser. Se achar que deve. O branco tem todo direito de ter rainha. Mas rainha de preto foi Tereza. A rainha Tereza. Rainha de branco foi Carlota. Mas não foi minha rainha.’
Mulheres como Ondina, Corina, Vilu, Januária, Margarida, Gertrudes, Guacira, e além do narrador, homens como Quincas, Domingos e Andira, compõe este romance escrito em um só paragrafo. Em mais de 180 páginas, o autor Alexandre Azevedo não oferece nenhum segundo para o leitor respirar.
O romance mostra também os ataques ao quilombo, o seu poder de defesa, a dor dos escravos nas minas de Mato Grosso, e os ais de dores escutados na praça de Vila Bela da Santíssima Trindade dos escravos castigados após as invasões ao quilombo.
About the author
Alexandre Azevedo nasceu em Belo Horizonte (1965), passou a infância em Cuiabá e São Paulo e a adolescência em Campo Grande (MS). Hoje reside em Ribeirão Preto, interior paulista, há mais de 30 anos. Formado em Filosofia, com pós-graduação em língua portuguesa e estudos literários, é professor de literatura brasileira e portuguesa há 35 anos. Romancista, novelista, contista, cronista, ensaísta, teatrólogo e poeta, é autor de mais de 150 obras, publicadas por diversas editoras do país. Algumas de suas obras foram prefaciadas e comentadas por autores como Luís Fernando Veríssimo, Ziraldo, Lourenço Diaféria, Manoel de
Barros e Affonso Romano de Sant’Anna. Além do romance A rainha do Quariterê, publicou pela Entrelinhas Editora os infantis Pantanimais e Pantanimais para colorir.