O ENSAIO É UMA FORMA SELVAGEM NO UNIVERSO DA LITERATURA.
O ensaio lida com outras obras, com problemas, com o tempo, criticamente, com espírito
crítico mas sobretudo liberdade. Ana Luísa Amaral é poeta premiada e tradutora, lidando,
portanto, com a literatura de dentro. É também professora e estudiosa, lidando de fora. O
ensaio, num caso assim, fica numa espécie de lugar duplo, dentro da escrita mas fora da
produção imediatamente ficcional, dentro da reflexão mas fora dos textos comentados, o que
garante, inclusive, o próprio comentário.
A experiência do ensaio resulta de uma experiência de leitura, e leitora, antes de tudo, é o que
caracteriza Ana Luísa Amaral. Neste livro, vários são os problemas enfrentados, as temáticas
visitadas, desde Emily Dickinson e Mário de Sá-Carneiro, velhas aventuras amorosas da
ensaísta que tanto traduziu Emily, até a teoria queer, da qual a eminente professora é uma das
mais destacadas especialistas em Portugal. E, ao final, em torno desse animal indócil que é a
literatura, uma peça em três atos, celebração do hibridismo que não é sinal de glória, mas de
pura vida, indomável e incerta vida.
Arde a palavras e outros incêndios não é, portanto, apenas um livro de crítica literária, mas
uma homenagem à literatura, sobretudo à capacidade que essa linguagem tem de fomentar
leituras infinitas, leitores sem fim.
About the author
Ana Luísa Amaral. Nasceu em Lisboa em 1956. Professora da Faculdade de Letras do Porto e membro da Direção do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, no âmbito do qual dirige o grupo internacional de pesquisa Intersexualidades. Coordenadora de projectos internacionais financiados pela FCT. Autora de mais de três dezenas de livros, quer de poesia, quer de teatro, quer de ficção, quer infantis. Traduziu diferentes autores, como John Updike, Emily Dickinson ou William Shakespeare. Os seus livros estão traduzidos e editados em países como Brasil, Inglaterra, França, Espanha, Suécia, Itália, Holanda, Colômbia, Venezuela, México ou Estados Unidos da América. As suas obras mais recentes em Portugal são 31 Sonetos de William Shakespeare (Relógio D’Água).