Conversas do arquipélago reúne diálogos entre o filósofo caribenho Édouard Glissant, um dos grandes pensadores de nosso tempo, e o curador e crítico de arte suíço Hans Ulrich Obrist. Nestas conversas, Glissant aborda os principais conceitos de sua obra, como crioulização, colonização, globalização, opacidade, pensamento rizomático e memória, trazendo suas referências a autores, artistas e cineastas.
A partir de conversas realizadas entre 1999 e 2011 (ano da morte de Glissant), esses encontros transitam por continentes, ilhas, exposições e conferências, com um tom que oscila entre o casual e o formal. Desde o primeiro encontro, nos anos 1990, Obrist passou a considerar Glissant seu mentor – percepção que se reflete no texto. A relação especial que se estabeleceu entre os dois é revelada nas páginas do livro que reproduzem dedicatórias manuscritas, frases poéticas e desenhos do escritor para o curador. O livro apresenta ainda uma importante discussão sobre o projeto inacabado de Glissant, o Museu de Arte das Américas, o M2A2, na Martinica.
Este livro é um diálogo que manifesta o pensamento de Édouard Glissant, oferecendo ao leitor conhecer as ideias do autor que desafiou as noções estabelecidas de identidade e cultura em clássicos como Poética da relação e O discurso caribenho.
عن المؤلف
Édouard Glissant foi poeta, filósofo e romancista, autor de uma obra extensa que inclui ensaios filosóficos, romances, poesia e teatro. Nasceu em 1928 em Sainte-Marie, na Martinica, e faleceu em 2011 em Paris. Na juventude, Glissant foi discípulo do poeta Aimé Césaire, seu conterrâneo e fundador do movimento da negritude. Em 1946, iniciou, em Paris, os estudos em filosofia, na Sorbonne, e em etnografia, no Musée de l’Homme. A partir dos anos 1950, engajou-se em movimentos pela descolonização juntamente com escritores como Frantz Fanon e René Depestre, tendo assinado, em 1960, o Manifesto dos 121, em apoio à independência da Argélia. Como ficcionista, lançou oito romances, entre eles La Lézarde (1953), pelo qual recebeu o Prêmio Renaudot. Escreveu inúmeros livros de ensaio como Poética da relação (1990). Teve uma sólida carreira universitária nos Estados Unidos e desenvolveu importantes atividades na Unesco. Glissant foi um pensador incansável dos efeitos da colonização, um homem engajado e um inventor de imaginários.
Hans Ulrich Obrist é curador e historiador da arte. Nasceu em Zurique, na Suíça, em 1968. Desde 2006 é diretor artístico da Serpentine Gallery, em Londres. Atua como curador independente e foi curador do Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris. Desde sua primeira exposição, World Soup (The Kitchen Show), organizou mais de trezentas mostras, como Lucius Burckhardt and Cedric Price (2014) – A Stroll Through a Fun Place, para o pavilhão suíço na 14ª Bienal de Arquitetura de Veneza, Utopia Station, na 50ª Bienal de Arte de Veneza (2003), e Cities on the Move (1999), uma exposição multidisciplinar e itinerante que teve origem em Bangkok, na Tailândia. É autor de The Interview Project, em que faz o registro de seus diálogos com artistas e intelectuais de vários países sobre diferentes áreas do conhecimento. Uma vasta seleção dessas conversas com pensadores do mundo todo encontra-se na série Hans Ulrich Obrist – Entrevistas, publicada pela Editora Cobogó, entre 2009 e 2012, e em Entrevistas brasileiras vol. 1 e vol. 2, publicadas, respectivamente, em 2018 e 2020.