Crepúsculo dos ídolos (1889), último livro a ser publicado em vida pelo filósofo alemão, é, eminentemente, uma obra de maturidade. Como nos diz o próprio Nietzsche em seu ensaio autobiográfico intitulado Ecce homo, ‘esse escrito (Crepúsculo dos ídolos) que não chega a cento e cinqüenta páginas, fatal e sereno no tom, um demônio que ri, obra de tão poucos dias que hesito em dizer seu número, é a exceção entre os livros; nada existe de mais rico em substância, mais independente, mais demolidor – de mais malvado’. Estas três qualificações o definem radicalmente. Ele é rico em substância – pois se aproxima das mais diversas configurações deste ídolo histórico chamado verdade -, independente e demolidor. Uma obra de exceção porque dá voz a esta composição tão caracteristicamente nietzschiana entre destruição e renovação. O seu subtítulo aponta para o sentido mais originário desta composição; ou como filosofar com o martelo. O martelo quebra a rigidez com que os ídolos (a verdade em suas múltiplas facetas) buscam se conformar de uma vez por todas. Ao quebrar esta rigidez, ele não aniquila simplesmente o que antes estava já constituído, mas devolve a ele sua vitalidade e sua graça.
عن المؤلف
Friedrich Nietzsche foi um dos mais importantes filósofos alemães de sua época. Acumulou ainda outros talentos e trabalhos como poeta, crítico cultural e compositor. Nietzsche nasceu no dia 15 de outubro de 1844, em Röcken, Alemanha, e ficou conhecido por escrever sobre religião, moral, cultura, filosofia e ciência com muita criticidade. Suas obras incluíam a dicotomia, o perspectivismo, a vontade de poder, a morte de Deus, o além-homem e o eterno retorno. Também era comum em sua escritas os questionamentos do valor e da objetividade da verdade – essa, por sua vez, é uma ideia que se alastra até os dias de hoje, sendo discutida na filosofia atual em busca do existencialismo. Friedrich Nietzsche começou sua carreira como estudioso de crítica textual grega e romana, disciplina essa que leva o nome de Filologia. Aos 24 anos já ministrava aulas de Filologia Clássica na Universidade de Basileia, sendo o mais jovem a ter alcançado o cargo de professor. Na meia-idade, aos 44 anos, sofreu um colapso que causou a perda completa de suas faculdades mentais, somando-se a isso a paralisia devido à sífilis terciária. Começou aí uma nova era para o filósofo alemão, onde ele iniciou-se na composição musical. Viveu sob o cuidados da mãe até a morte dela, em 1897, e passou a ter os cuidados da irmã até seu falecimento, em 25 de agosto de 1900.