Este volume reúne os poemas traduzidos por Henriqueta Lisboa (1901-1985), revelando sua instigante atuação como leitora e sua outra faceta intelectual, com versões refinadas de Dante Alighieri, Giuseppe Ungaretti, Cesare Pavese, Gabriela Mistral, Jorge Guillén, entre outros. No ofício da tradução, Henriqueta, que escolheu autores com quem se podem supor diversas afinidades, exercitou profundamente a consciência sobre o fazer poético e sobre o papel do tradutor na recriação e mediação das obras da tradição literária.
Este é o volume 2 de sua obra completa em três volumes, com organização de Reinaldo Marques e Wander Melo Miranda, para quem ‘A obra de Henriqueta Lisboa (1901-1985) ocupa certamente um lugar especial na literatura brasileira do século 20, embora uma avaliação mais acurada de sua trajetória ainda esteja por fazer, em razão das dificuldades de acesso a seus livros, muitos deles limitados às primeiras edições’.
عن المؤلف
Henriqueta Lisboa (1901-1985), poeta mineira considerada pela crítica um dos grandes nomes da lírica modernista, dedicou-se à poesia, ensaios e traduções. Nasceu em Lambari, Minas Gerais, em 15 de julho de 1901, filha do farmacêutico e deputado federal João de Almeida Lisboa e de Maria Rita Vilhena Lisboa. Formou-se normalista pelo Colégio Sion de Campanha, MG, e, em 1924, mudou-se para o Rio de Janeiro. Dedicou-se à poesia desde muito jovem. Com Enternecimento, publicado em 1929, de forte caráter simbolista, recebeu o Prêmio Olavo Bilac de Poesia da Academia Brasileira de Letras. Aderiu ao Modernisno por volta de 1945, fortemente influenciada pela amizade com Mário de Andrade, com quem trocou rica correspondência entre os anos de 1940 e 1945. Sua produção inclui, além da poesia, inúmeras traduções, ensaios e antologias. Foi a primeira mulher eleita para a Academia Mineira de Letras em 1963. Em 1984, recebeu o Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras pelo conjunto de sua obra. Foi professora de Literatura Hispano-Americana e Literatura Brasileira na Pontifícia Universidade Católica (Puc Minas) e na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Poeta sensível, dedicou sua vida à poesia. Considerada um dos grandes nomes da lírica modernista pela crítica especializada, Henriqueta manteve-se sempre atuante no diálogo com os escritores e intelectuais de sua geração e angariou muitos leitores ilustres durante sua vida, dentre eles Mário de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Cecília Meireles e Gabriela Mistral. Sobre sua poesia, Drummond nos deixou o seguinte testemunho: /’Não haverá, em nosso acervo poético, instantes mais altos do que os atingidos por este tímido e esquivo poeta./’ Henriqueta faleceu em Belo Horizonte, no dia 9 de outubro de 1985.
Títulos publicados: Fogo-fátuo (1925); Enternecimento (1929); Velário (1936); Prisioneira da noite (1941); O menino poeta (1943); A face lívida (1945), à memória de Mário de Andrade, falecido nesse ano; Flor da morte (1949); Madrinha Lua (1952); Azul profundo (1955); Lírica (1958); Montanha viva (1959); Além da imagem (1963); Nova Lírica (1971); Belo Horizonte bem querer (1972); O alvo humano (1973); Reverberações (1976); Miradouro e outros poemas (1976); Celebração dos elementos: água, ar, fogo, terra (1977); Pousada do ser (1982) e Poesia Geral (1985), reunião de poemas selecionados pessoalmente pela autora do conjunto de toda a obra, publicada uma semana após o seu falecimento. Publicou também as coletâneas de ensaios Convívio poético (1955), Vigília poética (1968) e Vivência poética (1979). Os poemas que traduziu foram primeiramente reunidos pela Editora da UFMG em Henriqueta Lisboa: Poesia Traduzida. Agora, sua obra está reunida nos três volumes de Henriqueta Lisboa: Obra completa (Poesia, Poesia traduzida e Prosa), publicado em dezembro de 2020 pela Peirópolis.