Neste livro, Vladimir Safatle mostra como o pensamento e a clínica de Jacques Lacan importam para aqueles que querem pensar a política para além do jogo de forças entre instituições e domínios de representação. Examinando os quatro conceitos fundamentais da política para a psicanálise – a saber: identificação, gozo, transferência e ato -, Safatle emprega a psicanálise como dispositivo crítico e prática transformativa contra a dominação conformista que a psicologia de cada época mobiliza como ideologia. Como a família conta em nosso processo de subjetivação, determinando horizontes de produção de autoridade? Como as formas religiosas se entranham em nossos processos de trabalho e produção de valor? Como nossas identidades tornam-se políticas no interior de sistemas de gestão de saber? Como pensar uma noção alternativa de liberdade considerando a experiência concreta de Lacan na organização de sua Escola de Psicanálise, de modo a sincronizar ato psicanalítico e processo revolucionário? Estas são perguntas crucias postas em circulação por este livro. Trabalho necessário tanto para entender como transformar a realidade de opressão, que enfrentamos hoje, quanto para fazê-lo em consideração ao desejo, no horizonte da subjetividade de nossa época.
Christian Dunker
Psicanalista e professor titular do Instituto de Psicologia da USP
عن المؤلف
Vladimir Safatle
Vladimir Safatle nasceu em Santiago do Chile em 1973. Formado em filosofia pela Universidade de São Paulo, é mestre em filosofia pela mesma universidade, com dissertação sobre o conceito de sujeito descentrado em Jacques Lacan, sob a orientação de Bento Prado Júnior. Doutorou-se em filosofia pela Universidade de Paris vii com tese sobre as relações entre Lacan e a dialética, sob a orientação de Alain Badiou. Professor livre-docente do Departamento de Filosofia da fflch-usp, onde leciona desde 2003, foi professor convidado nas universidades de Paris vii, Paris viii, Toulouse, Louvain, além de fellow do Stellenboch Institute of Advanced Studies (stias) e responsável por seminários no Collège International de Philosophie. É um dos coordenadores do Laboratório de Pesquisas em Teoria Social, Filosofia e Psicanálise (Latesfip/usp), juntamente com Christian Dunker e Nelson da Silva Júnior, e membro do conselho diretivo da International Society of Psychoanalysis and Philosophy.
Com artigos traduzidos em inglês, francês, japonês, espanhol, sueco, catalão e alemão, suas publicações versam sobre psicanálise, teoria do reconhecimento, filosofia da música, filosofia francesa contemporânea e reflexão sobre a tradição dialética pós-hegeliana. Publicou Grande Hotel Abismo – para uma reconstrução da teoria do reconhecimento (Martins Fontes, 2012, versão em inglês publicada pela Leuven University Press, 2016), O dever e seus impasses (Martins Fontes, 2013), A esquerda que não teme dizer seu nome (Três Estrelas, 2012, versão em espanhol publicada pela lom Ediciones, 2014), Cinismo e falência da crítica (Boitempo, 2008), Lacan (Publifolha, 2007) e A paixão do negativo: Lacan e a dialética (Editora da Unesp, 2006, versão em francês publicado por Georg Olms Verlag, 2010).
Seus próximos trabalhos versarão sobre as condições para a elaboração de um conceito renovado de dialética fundado nas ideias de processualidade contínua e de ontologia em situação, assim como sobre a atualização da noção de forma crítica a partir da estética musical contemporânea e da reflexão sobre problemas relacionados ao destino das categorias de autonomia, expressão e sublime.