O papel de parede amarelo transita entre o terror gótico e uma alegoria da opressão feminina. A obra dá título a esta coletânea, que reúne contos ligados ao mistério e ao sobrenatural escritos por Charlotte Perkins Gilman, uma das maiores autoras representantes do feminismo mundial.
Com tom autobiográfico – a autora também lidou com a depressão e um casamento frustrante –, O papel de parede amarelo apresenta uma esposa confinada em um quarto pelo marido, o que a faz desenvolver uma obsessão pelo papel de parede, no qual enxerga mulheres aprisionadas.
Enquanto o horror psicológico conduz este conto, em A glicínia gigante, A cadeira de balanço e A porta não vigiada, Gilman flerta com histórias de fantasmas e de investigações que envolvem o sobrenatural. Quando fui uma bruxa nos apresenta uma mulher movida pela vingança, capaz de realizar seus desejos. Em Se eu fosse um homem, a autora lida com o fantástico em uma história de troca de corpos. Por fim, Água antiga traz uma história de abuso e assassinato.
Über den Autor
Charlotte Perkins Gilman (1860-1935) foi escritora, poetisa e uma ativista do feminismo nos Estados Unidos. Abandonada pelo pai durante a infância e sem que sua mãe tivesse condições de criá-la sozinha, ficou sob a proteção de suas tias paternas, Catharine, Harriet (escritora e autora do clássico A cabana do Pai Tomás) e Isabella (sufragista, defensora do voto feminino). Essa influência acabou sendo determinante para o futuro sucesso literário de Charlotte e seu papel fundamental na história dos direitos sociais das mulheres. Seu estilo de vida pouco usual para a época (divorciada e financeiramente independente) a tornaria um modelo para todas as gerações posteriores de feministas.