‚Publicado na Itália, em 1996, Meios sem fim é, segundo o próprio Agamben, um conjunto de textos (escritos entre 1990 e 1995) que se referem, cada um a seu modo, a um canteiro de obras cujo primeiro fruto tinha sido a publicação do primeiro volume de Homo Sacer (O poder soberano e a vida nua, Einaudi, 1995). Embora não se constituam propriamente como um dos volumes da série Homo Sacer, os breves ensaios de Meios sem fim antecipam os seus núcleos originais e apresentam alguns de seus ‚estilhaços e fragmentos‘: a vida nua, a biopolítica; o estado de exceção; o campo de concentração; o refugiado; as sociedades democrático-espetaculares; a política como a esfera dos meios puros ou dos gestos. Mas Meios sem fim é também o exercício de confronto visceral entre um filósofo vivo e os mais urgentes acontecimentos de seu tempo (o que se passou nos territórios da antiga Iugoslávia; a situação de um Estado sem povo, como o Kuwait, ou de povos sem Estado, como os curdos, os armênios, os palestinos e os judeus da diáspora; os eventos de Timisoara, na Romênia, que levaram à queda do ditador Nicolae Ceau?escu; os protestos na China, na praça da Paz Celestial; a Guerra do Golfo). Todos esses eventos pedem um novo pensamento que lhes dê inteligibilidade. E é esse novo pensamento que o leitor tem diante dos olhos nestes ensaios. Uma nova filosofia, como toda filosofia, surge somente no embate com o mundo que a cerca e que está aí para nos dar lições. Os filósofos são aqueles que sabem aprendê-las.‘
Über den Autor
Giorgio Agamben
Nasceu em 1942, em Roma, e laureou-se em Direito, em 1965, com uma tese sobre Simone Weil. Em 1966, participou do primeiro Seminário de Thor, que Heidegger realizou a convite de René Char. Entre 1974 e 1975, fez pesquisas em Londres na Warburg Institute Library. Entre 1982 e 1993, assumiu a tarefa de apresentar ao público italiano uma edição completa das obras de Walter Benjamin pela editora Einaudi, de Turim. Nesse processo, acabou descobrindo textos inéditos de Benjamin na biblioteca de Paris. Por discordâncias com a editora, abandonou o projeto. Entre 1986 e 1993, foi diretor de programa do Colégio Internacional de Filosofia de Paris. A partir de 1988, passou a ensinar na Itália, primeiro em Macerata, depois em Verona e, por fim, no Istituto Universitario di Architettura (IUAV) de Veneza, de onde se demitiu em 2009.