Um clássico da poesia brasileira retorna em edição especial: publicado pela primeira vez em 1943, O menino poeta marcou para sempre a história da literatura infantojuvenil no Brasil, e fez de Henriqueta Lisboa, autora já consagrada por seus versos admirados pelo público adulto, a primeira poeta brasileira a publicar poesias ao alcance das crianças. Como observou o modernista Mario de Andrade, com quem Henriqueta manteve intensa correspondência, embora os poemas de O menino poeta não tenham sido feitos para crianças, o ritmo, a melodia e o encantamento coincidem com a imagem da infância, ‚cheia de pureza, cristalinidade, alegria, melancolia leve, graça, leveza e sonho acordado‘. A obra foi apreciada por escritores contemporâneos da autora e pelas gerações futuras, crianças, jovens e adultos que, como Mário de Andrade, encontraram na poesia de Henriqueta acalento para o menino poeta que mora e brinca dentro da alma. São poemas da plenitude da poeta, donos de concisão, densidade e estado poético que encantam a todo leitor de qualquer idade.
Über den Autor
Henriqueta Lisboa (1901-1985), poeta mineira considerada pela crítica um dos grandes nomes da lírica modernista, dedicou-se à poesia, ensaios e traduções.
Nasceu em Lambari, Minas Gerais, em 15 de julho de 1901, filha do farmacêutico e deputado federal João de Almeida Lisboa e de Maria Rita Vilhena Lisboa. Formou-se normalista pelo Colégio Sion de Campanha, MG, e, em 1924, mudou-se para o Rio de Janeiro.
Dedicou-se à poesia desde muito jovem. Com Enternecimento, publicado em 1929, de forte caráter simbolista, recebeu o Prêmio Olavo Bilac de Poesia da Academia Brasileira de Letras. Aderiu ao Modernisno por volta de 1945, fortemente influenciada pela amizade com Mário de Andrade, com quem trocou rica correspondência entre os anos de 1940 e 1945. Sua produção inclui, além da poesia, inúmeras traduções, ensaios e antologias. Foi a primeira mulher eleita para a Academia Mineira de Letras em 1963.
Em 1984, recebeu o Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras pelo conjunto de sua obra. Foi professora de Literatura Hispano-Americana e Literatura Brasileira na Pontifícia Universidade Católica (Puc Minas) e na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Poeta sensível, dedicou sua vida à poesia. Considerada um dos grandes nomes da lírica modernista pela crítica especializada, Henriqueta manteve-se sempre atuante no diálogo com os escritores e intelectuais de sua geração e angariou muitos leitores ilustres durante sua vida, dentre eles Mário de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Cecília Meireles e Gabriela Mistral.
Sobre sua poesia, Drummond nos deixou o seguinte testemunho: “Não haverá, em nosso acervo poético, instantes mais altos do que os atingidos por este tímido e esquivo poeta.“
Henriqueta faleceu em Belo Horizonte, no dia 9 de outubro de 1985. Seu Centenário foi comemorado ao longo do ano de 2002 e, além de inúmeros eventos culturais em sua homenagem, várias reedições de sua obra foram feitas com o objetivo de revelar a força de sua poesia para os jovens de hoje.
Títulos publicados
Fogo-fátuo (1925); Enternecimento (1929); Velário (1936); Prisioneira da noite (1941); O menino poeta (1943); A face lívida (1945), à memória de Mário de Andrade, falecido nesse ano; Flor da morte (1949); Madrinha Lua (1952); Azul profundo (1955); Lírica (1958); Montanha viva (1959); Além da imagem (1963); Nova Lírica ((1971); Belo Horizonte bem querer (1972); O alvo humano (1973); Reverberações (1976); Miradouro e outros poemas (1976); Celebração dos elementos: água, ar, fogo, terra (1977); Pousada do ser (1982) e Poesia Geral (1985), reunião de poemas selecionados pessoalmente pela autora do conjunto de toda a obra, publicada uma semana após o seu falecimento.
Publicou também as coletênas de ensaios Convívio Poético (1955), Vigília Poética (1968) e Vivência Poética (1979), coletâneas de ensaios. Os poemas que traduziu foram reunidos pela Editora da UFMG em Henriqueta Lisboa: Poesia Traduzida.
Autodidata em desenho, Nelson Cruz estudou pintura por dois anos no ateliê da pintora Esthergilda Menicucci, em Belo Horizonte, onde nasceu no ano de 1957. Nelson começou seu trabalho no mercado editorial em 1988. Em 2001, recebeu o prêmio Jabuti pelo texto “Chica e João“ (2o. lugar). O mesmo livro ganhou, pela FNLIJ, os prêmios Melhor Livro para Criança e Melhor Ilustração. Em 2002, foi indicado pela FNLIJ ao prêmio Hans Christian Andersen de ilustração, e em 2004, indicado para a Lista de Honra, ambos promovidos pelo International Board on Books for Young People (IBBY), da Suíça. Novamente, em 2005, recebeu o Jabuti pelo texto do livro No longe dos gerais (3o. lugar). Atualmente mora e trabalha na cidade de Santa Luzia, a 25 km de Belo Horizonte.