O ensaio que dá título a esta reunião de textos de John Berger trata do desaparecimento da relação imemorial entre seres humanos e animais. Ainda mantemos espécies de estimação e visitamos zoológicos, mas o ‚olhar entre o animal e o homem, que possivelmente teve um papel crucial no desenvolvimento da sociedade humana, e com o qual, em todo caso, todo ser humano convivia até um século atrás, extinguiu-se‘.
A interação entre as pessoas e a natureza, entre a cultura e o instinto, é também o tema dos outros oito textos que compõem Por que olhar para os animais?. Berger, crítico de arte e escritor multifacetado, se vale de obras de fotógrafos, ilustradores, clássicos da Antiguidade, entre outras fontes, para desvendar o universo das sutilezas que nos forjam.
Uma visita ao zoológico revela nossa proximidade desconcertante com os grandes primatas: chimpanzés, orangotangos e gorilas. A diferença entre as maneiras como se alimentam burgueses e camponeses, ‚intimamente ligada ao contraste brutal entre abundância e escassez‘. Ou ainda, um poema sobre constelações, vacas, raposas e o desaparecimento inescapável de modos de vida que antes pareciam feitos de eternidade.
Über den Autor
Foi um crítico de arte e escritor nascido em Londres, na Inglaterra. Em 1972 ganhou o Booker Prize com G., seu quarto romance. Nesse mesmo ano, estreou na BBC a série Modos de ver, acompanhada de um livro homônimo, hoje um clássico, mas que naquele momento revolucionou o modo como as artes visuais eram compreendidas. Autor de inúmeros romances, peças de teatro, ensaios e poemas, ao longo de toda sua vida Berger não deixou de participar dos debates políticos e sociais de seu tempo.