A prosa singular de Acker chega ao Brasil com a publicação de seu primeiro romance, A vida infantil da tarântula negra, por Tarântula Negra. A edição da crocodilo conta com tradução de Livia Drummond e prefácio de Flávia Lucchesi. Escrito em 1973, o processo de apropriação é central para a busca de identidade da narradora nesse livro. Acker cria uma personagem de dezesseis anos, Tarântula Negra, que explora identidades alternativas como assassina e prostituta, copia trechos de livros pornográficos em que se imagina a protagonista e participa de atos sexuais públicos.A autora faz uma colagem na qual suas próprias palavras se somam às de Marquês de Sade sobre Justine; mistura sua vida com a autobiografia de William Butler Yeats, a vida de Moll Cutpurse, ‚a rainha regente do desgoverno, a garota arruaceira, a tirana benevolente dos ladrões e assassinos da cidade, a dama urso‘, entre outros. Os temas de alienação e sexualidade objetificada do livro se repetem em textos posteriores.
Über den Autor
Kathy Acker (1947/48-1997) nasceu em Nova York e aos 18 anos saiu de casa. À época, trabalhou como stripper, o que a aproximou da cena artística da cidade. Ao longo de sua vida, foi fotografada por Robert Mapplethorpe, fez leituras públicas com Allen Ginsberg e entrevistou as Spice Girls.
Fez parte de uma tradição literária radical e rebelde que emergiu na contracultura e continuou na cultura punk.
Sua escrita é tão difícil de classificar em qualquer gênero quanto ela mesma. De certa forma, seu estilo reflete a sensibilidade ’no future‘ que surgiu na década de 1970. Foi considerada a Patti Smith da literatura pós-punk, bem como a próxima Henry Miller. É lembrada também como expoente feminista da literatura experimental.
Com seus poemas, romances e peças, subverteu noções pré-concebidas de linguagem, identidade, sexualidade e corpo.
É considerada uma das autoras que mais seduziu e chocou o mundo da literatura. Para algumas pessoas é, ainda, uma das escritoras mais importantes do século XX.