O livro-obra A perdedora de memórias narra perdas profundas e irreparáveis, mobilizadoras de esforço investigativo e mergulhos no passado. Ao mesmo tempo, transforma assassinato e desaparecimento em combustíveis para um horizonte de vida, celebrando a imaginação como gesto criador de um outro mundo, de uma outra História. Marina Bialer escreveu, recortou e colou uma obra que está meio cá e meio lá: entre o texto e a intervenção, entre o escrito e o esculpido, entre a ficção e o documento, entre a lembrança e a invenção. Não há que se confundir, entretanto, esse lugar de entre mundos com lugar nenhum. As cartas e colagens que percorrem uma história familiar atravessada pelo holocausto vão muito além de uma tentativa de investigar e reconstruir o que aconteceu com homens e mulheres que ela não chegou a conhecer, constituindo-se como um gesto amoroso de forte resistência: temos aqui uma recusa daquilo que poderia ficar restrito ao horror e à tragédia, transformando-o naquilo que poderia ter sido. Nesse trabalho, a autora permite ver que o amor-tecer a dor vem através de um sonho que se sonha junto em histórias para lembrar, para imaginar, para colar e para viver.
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