Neste livro, Paulo César Ramos mergulha em acervos de organizações e de militantes do movimento negro para compreender as ideias mobilizadas ao longo dos anos para fazer frente à violência de Estado, especialmente aquela que se expressa nas ruas das grandes cidades brasileiras por meio da brutalidade policial — que apenas cresceu após o fim da ditadura. Ao descrever como as palavras de ordem foram mudando — de ‚discriminação racial‘, nos anos 1970 e 1980, para ‚violência racial‘ nos anos 1990, até chegar às denúncias de ‚genocídio negro‘, nos anos 2000 —, o autor aponta a radicalização do protesto negro e o acúmulo político das organizações negras, além de demonstrar como pautas de ‚interesse geral‘ — Diretas Já, Constituinte, eleições e processos de impeachment, além de discordâncias internas diante de governos progressistas — acabaram diluindo as ondas de protesto surgidas no transcurso das décadas, impossibilitando mudanças estruturais contra a morte sistemática da população negra.
Über den Autor
Paulo César Ramos é doutor em sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), mestre e bacharel em sociologia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com pós-doutorado na Universidade da Pensilvânia, Estados Unidos. Também é coordenador de pesquisa do Núcleo Afro do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), coordenador do Projeto Reconexão Periferias da Fundação Perseu Abramo e pesquisador do Núcleo de Justiça Racial e Direito da Fundação Getulio Vargas. Tem se dedicado ao estudo das relações raciais, violência, memória, movimentos sociais e políticas públicas. É autor do livro ‚Contrariando a estatística‘: genocídio, juventude negra e participação política (Alameda, 2021).