NORTE E O SUL – North and South é um romance de Elizabeth Gaskell, publicado em forma de livro pela primeira vez em 1855, sendo que já havia sido publicado inicialmente na revista literária ‘Household Words’, de propriedade de Charles Dickens, entre setembro de 1854 e janeiro de 1855 em 22 partes semanais. Conhecido inicialmente por ‘Margaret Hale’, teve seu título alterado por pressão de seus editores para ‘North and South’, demonstrando melhor o tema geral do livro: o contraste existente entre o modo de vida da Inglaterra industrializada do norte e da Inglaterra rural e inocente do sul, em uma época fortemente marcada pela revolução industrial do século 19.
Quando publicado como livro em 1855, esta incluiu um prefácio afirmando que por causa das restrições do formato da revista, a autora foi incapaz de desenvolver a história como desejava e, deste modo, ‘várias passagens curtas foram inseridas, e vários novos capítulos adicionados’.
O livro é um romance social que tenta demonstrar a vida e os conflitos existentes no norte industrializado dos meados do século 19, através das impressões de uma jovem nascida nas regiões rurais da Inglaterra. A heroína da história, Margaret Hale, é filha de um ministro religioso que se muda para a cidade fictícia de Milton, cujo modelo era a cidade de Manchester, onde Elizabeth Gaskell morou em companhia de seu marido e trabalhou em ações filantrópicas junto aos pobres da cidade e conheceu de perto as misérias das áreas industriais. A mudança no estilo de vida choca Margaret que simpatiza profundamente com a pobreza e as dificuldades vividas pelos trabalhadores urbanos. Após um encontro com um grupo de grevistas, no qual Margaret tenta proteger Thornton da violência dos manifestantes, os dois se apaixonam, entretanto, uma série de conflitos e desencontros até o derradeiro reencontro, onde cada um dos personagens terá que rever seus preconceitos, chegando à madura aceitação de si mesmos e de seus sentimentos.
About the author
Elizabeth Gleghorn Gaskell (1810-1865) nasceu em 29 de setembro de 1810 em Lindsay Row, Chelsea, da união entre um ministro unitário e de uma filha de fazendeiro do condado de Sandlebridge, próximo a Knutsford in Cheshire. Aos 13 meses ficou órfã de mãe, sendo criada por sua tia, Hannah Lumb, cuja autora a considerava mais que uma mãe verdadeira.
Aos quatro anos, seu pai casou-se com Catherine Thomson, irmã do pintor escocês William John Thomson, que pintou um famoso retrato de Elizabeth em 1832. No mesmo ano, Elizabeth se casou com William Gaskell, indo morar em Manchester, onde o marido era ministro assistente da Capela de Cross Street e onde desenvolvia trabalhos filantrópicos e benemerentes junto à população mais pobre da cidade. Em Manchester, Elizabeth teve contato com os contrastes sociais e econômicos da cidade e com a sociedade literária e filosófica da região. Manchester era sinônimo de desenvolvimento econômico e de desigualdade social, o que levou Friedrich Engels descrever seus bairros operários em sua obra de 1844, ‘As Condições das Classes Trabalhadoras na Inglaterra’.
Elizabeth Gaskell era uma perspicaz observadora das relações humanas, especialmente entre os trabalhadores das indústrias de Manchester e das regiões rurais de onde ela era oriunda. Essa característica própria lhe valeu como uma grande ferramenta na construção de seus personagens e das relações entre os diversos núcleos dentro de cada romance. Seu círculo de amizade também lhe possibilitou uma análise profunda das relações humanas, sendo que Charlotte Brontë, Charles Dickens, John Ruskin, Carlyles, Charles Kingsley e Florence Nightingale frequentavam sua casa.
Entre suas obras, Elizabeth Gaskell se destacou pelos romances RUTH (1853), NORTE E O SUL – NORTH AND SOUTH (1855), O PRIMO PHILLIS (1863), OS AMORES DE SYLVIA (1863) e, finalmente, seu romance considerado como sua obra-prima ESPOSAS E FILHAS (1866), que foi deixado sem concluir em virtude da morte da autora em 12 de novembro de 1865, por falência cardíaca. Deixou também uma biografia amplamente aclamada da vida de sua amiga Charlotte Brontë. Ao longo do século 20, a produção literária de Elizabeth Gaskell foi considerada fora de moda e muito provincial, mas hoje é considerada pela grande maioria da crítica especializada como um dos grandes nomes da literatura vitoriana britânica. Recentemente, análises mais profundas têm tentado delimitar as tênues fronteiras entre ficção e realidade dentro dos romances de Elizabeth, o que consequentemente tem levado ao um crescimento maior do interesse do público geral sobre a produção dessa grande escritora britânica do século 19.