O governo Jair Bolsonaro mal havia começado quando B. Kucinski publicou, pela Alameda, sua novela distópica A Nova Ordem. Dialogando com uma tradição literária de debate quase que explícito com a realidade, Kucinski expôs um modo de agir que pode ser considerado uma crítica, ao mesmo tempo, ao modo de governar em ascensão por aqui e a um certo zeitgeist que ultrapassa as fronteiras nacionais.
O colapso da Nova Ordem, sequência de A Nova Ordem, chega às livrarias na reta final do governo reacionário que nos aflige. Recuperando a experiência dos últimos anos, inclusive a da gestão da pandemia, Kucinski como que aprofunda e descortina essa espécie de ‘janela de oportunidade’ provocada pela Covid-19 que serviu para amplificar a exploração da pobreza de muitos.
No novo livro, o planejamento destrutivo dos militares no poder mostra-se mais ambicioso e mais cruel. Uma nova peste expande a violência das tramas palacianas. Mecanismos perversos de acumulação de dinheiro e poder se descortinam. A trama distópica ganha clareza e sentido, aprofundando o mecanismo posto em marcha anteriormente.
Sobre el autor
B. Kucinski é a assinatura literária do jornalista e professor aposentado da ECA-USP Bernardo Kucinski. Em 2011, ele lançou K. Relato de uma busca, traduzido para várias línguas e finalista de prêmios São Paulo de Literatura e Portugal Telecom. Recebeu dois prêmios da Biblioteca Nacional, por Você vai voltar pra mim (2014) e Júlia – nos campos conflagrados do Senhor (Alameda, 2020). Pela Alameda, publicou também A nova ordem (2019), A cicatriz e outras histórias (2021) e O colapso da Nova Ordem (2022).