Cinco autores de Angola, quatro de Guiné-Bissau e sete escritores do Brasil, entre eles dois de nossos maiores, Machado de Assis e Lima Barreto, estão reunidos na coletânea Contos do mar sem fim, que chega agora às prateleiras. O título remete aos célebres versos de Fernando Pessoa: ‘O mar sem fim é português’. Nas entrelinhas, o convite para deixar a mente percorrer as imagens que fazem parte do cotidiano dos três povos… E, de fato, os 16 contos selecionados têm em comum o idioma e suas particularidades em cada nação no qual é falado. ‘A rota de navegação escolhida para atravessarmos esse mar imaginário é instigante em todos os sentidos’, explica, na orelha, a professora Laura Cavalcanti Padilha.
‘Não nos podemos esquecer — e os textos, eles próprios, nos impedem — que a África é um múltiplo e só assim pode ser pensada’, avança Padilha na apresentação. Dessa concepção fazem parte os modos dos angolanos e guineenses de viver e se organizar social e simbolicamente. Tudo isso sem falar no intercâmbio de experiências entre os países, seja na dor provocada pela guerra, seja na mancha de sangue dos escravos, que tingiu os oceanos no tempo da escravidão e continua a permear as lembranças dos seus descendentes em Angola, Guiné-Bissau ou no Brasil.
Tabla de materias
ANGOLA
Dario de Melo
A senhora dos passarinhos
Jorge Arrimar
Malfadada e os kimbandeiros
Fragata de Morais
Amor de perdição
João Melo
Madinusa
Luandino Vieira
Zé ‘Fintacai’ Augusto
GUINÉ-BISSAU
Andrea Fernandes
O hóspede
Tambá Mbotoh
O serco
Olonkó História mal contada
Uri Sissé Artistas
BRASIL
Maria Firmina dos Reis
A escrava
Machado de Assis
Pai contra mãe
Lima Barreto
Clara dos Anjos
Oswaldo de Camargo
Civilização
Esmeralda Ribeiro
Guarde segredo
Conceição Evaristo
Olhos d’água
Cuti
Conluio das perdas
Glossário