‘Um artista da fome’ foi publicado inicialmente em 1922 e depois serviu de nome para o último livro que Kafka publicou antes de morrer. O volume reúne diversas histórias curtas do autor como ‘Primeira dor’, ‘Uma pequena mulher’ e ‘Josefine, a cantora ou O povo dos ratos’, todas escritas no final da vida de Kafka, quando já estava condenado pela tuberculose. Alguns críticos afirmam que ‘Um artista da fome’ é o relato mais autobiográfico do autor, onde a visão do artista isolado de tudo e de todos proporciona um espetáculo que já não interessa a mais ninguém. Já em ‘Na colônia penal’ (1919), o clima de pesadelo e de horror dá o tom da estarrecedora e sombria visão que Kafka emprestou a toda sua obra.
Sobre el autor
Franz Kafka nasceu em Praga, filho de pais judeus de classe média. Sua infância e adolescência foram marcadas pela figura dominadora do pai, que mais tarde apareceria em sua obra associada tanto à opressão quanto à aniquilação da vontade humana. De 1901 a 1906, Kafka estudou Direito na Universidade de Praga, onde conheceu seu grande amigo – posterior biógrafo e depositário de sua obra – Max Brod. Em seguida, passou a freqüentar os círculos literários e políticos da pequena comunidade judaico-alemã. Concluído o curso, empregou-se em 1908 numa companhia de seguros, como inspetor de acidentes de trabalho. Apesar da competência profissional, Kafka sempre sentiu o toque da insatisfação no emprego, pois ele o impedia de dedicar-se totalmente à atividade literária. Afligido pela tuberculose, Kafka submeteu-se a longos períodos de repouso a partir de 1917, vindo a morrer em 3 de junho de 1924, em Kierling, perto de Viena. As obras-primas de Kafka, ‘O processo’ e ‘O castelo’, só seriam publicadas por Max Brod após sua morte. Carregada de uma ambiguidade onírica e levando as situações de absurdo existencial a limites jamais alcançados, a obra kafkiana – adjetivo que virou conceito na literatura ocidental – influenciou movimentos artísticos inteiros, como o surrealismo, o existencialismo e o teatro do absurdo.