Gerada no limiar – inclusive temporal – entre a razão e a loucura, ‘Ecce homo’ está longe de ser apenas o produto da insânia. Nietzsche foi um dos mais importantes pensadores alemães de todos os tempos e estendeu a área de suas influências para muito além da filosofia, adentrando a literatura, a poesia e todos os âmbitos das belas-artes. Com sua obra quebradiça e aparentemente fragmentária, que no fundo adquire uma vitalidade orgânica que lhe dá unidade através do aforismo, ele foi, na realidade, um dos críticos mais ferozes da religião, da moral e da tradição filosófica do Ocidente. Nietzsche escreveu, ele mesmo, a melhor obra para entender a obra de Nietzsche. É o ‘Ecce homo’, sua autobiografia escrita aos quarenta e quatro anos, o último suspiro antes do declínio, um dos mais belos livros da história da literofilosofia universal
Sobre el autor
Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900) nasceu em Röcken, na Saxônia, filho de uma família de pastores protestantes, e estudou Filologia e Teologia nas Universidades de Bonn e Leipzig. Em 1872, escreveu sua primeira grande obra, ‘O nascimento da tragédia’, sobre a qual Wagner disse: ‘Jamais li obra tão bela quanto esta’. O ensaio viria a se tornar um clássico na história da estética. Em 1878, Nietzsche entrou em contato com a obra de Voltaire e escreveu ‘Humano, demasiado humano – Um livro para espíritos livres’. Nesta época, as dores de cabeça e nos olhos que Nietzsche já sentia há algum tempo se tornaram piores. Em 1882, Nietzsche publicou ‘A gaia ciência’ e, em 1883, ‘Assim falou Zaratustra’ (Partes I e II), sua obra-prima. Em 1888, produziu uma enxurrada de obras, entre elas o ‘Ecce homo’ e ‘O Anticristo’. Em janeiro de 1889, sofreu um colapso ao passear pelas ruas de Turim e perdeu definitivamente a razão. Em 25 de agosto de 1900, depois de penar sob o jugo da dor e da irmã, o filósofo falece em Weimar, cidade para a qual a família o levara junto com o arquivo de suas obras e escritos.