Publicada em 1874, a segunda das quatro considerações extemporâneas, Sobre a utilidade e a desvantagem da história para a vida, foi definida pelo autor em sua autobiografia, ‘Ecce homo’, como sendo o tratado que, através de nossa capacidade de perceber e dar significado ao passado, ‘traz à luz o que há de perigoso, corrosivo e envenenador da vida’.
E continua: ‘A vida doente dessa engrenagem e mecanismo desumanos, da impessoalidade do trabalhador, da falsa economia da divisão do trabalho’. Nessa obra o sentido histórico do qual nosso século se orgulha foi pela primeira vez reconhecido como doença, como signo típico da decadência.
A obra, contudo, não é pessimista. No último século e neste, a segunda extemporânea tem se configurado representante fundamental da investigação sobre o valor da história e da cultura histórica ocidental. As noções de aistórico e supra-histórico, apresentadas em Sobre a utilidade e a desvantagem da história, podem ainda nos dizer muito acerca de nosso olhar sobre o passado e como nos aproveitamos dele para bem vivermos o presente e gestarmos o futuro.
Sobre el autor
Friedrich Nietzsche (Röcken, 1844-Weimar, 1900), filósofo e filólogo alemão, foi crítico mordaz da cultura ocidental e um dos pensadores mais influentes da modernidade. Descendente de pastores protestantes, opta no entanto por seguir carreira acadêmica. Aos 25 anos, torna-se professor de letras clássicas na Universidade da Basileia, onde se aproxima do compositor Richard Wagner. Serve como enfermeiro voluntário na guerra franco-prussiana, mas contrai difteria, a qual prejudica sua saúde definitivamente. Retorna a Basileia e passa a frequentar mais a casa de Wagner. Em 1879, devido a constantes recaídas, deixa a universidade e passa a receber uma renda anual. A partir daí assume uma vida errante, dedicando-se exclusivamente à reflexão e à redação de suas obras, dentre as quais se destacam: ‘O nascimento da tragédia’ (1872), ‘Considerações Extemporâneas’ (1873-1874), ‘Assim falava Zaratustra’ (1883-1885), ‘Para além do bem e mal’ (1886), ‘A genealogia da moral’ (1887) e ‘O anticristo’ (1895). Em 1889, apresenta os primeiros sintomas de problemas mentais, provavelmente decorrentes de sífilis. Falece em 1900.