Edição traduzida e condensada por Maria Alice de A. Sampaio Doria.
Descansar era tudo o que o professor de História Natural, Pierre Aronnax, esperava depois de uma longa viagem aos Estados Unidos. Mas quando uma série de acidentes marítimos começa a levar pânico às populações costeiras, não lhe resta outra saída senão aceitar o convite do governo americano e seguir em busca da solução desse mistério.
O ano é 1866, e o temor que sempre envolveu o mar está na ordem do dia. O que pode estar por trás de ocorrências tão sinistras? Um monstro de proporções gigantescas? Os boatos não dão conta das várias hipóteses, e todos se perguntam se um dia será possível restabelecer a segurança nos oceanos para que uma simples travessia não seja algo tão perigoso e até sem volta.
Junto a destemidos homens, Professor Aronnax parte no encalço da temida criatura. Mas nem tudo sai como previsto, e logo eles descobrem que o suposto monstro é na verdade um submarino liderado pelo enigmático Capitão Nemo. A aventura acaba de começar e será, sem dúvida, a maior de suas vidas.
Boa parte de Vinte mil léguas submarinas foi escrita por Júlio Verne a bordo de seus barcos. Nada poderia ter sido mais apropriado para estimular a imaginação deste autor, que levou cerca de cinco anos para concluir a obra. O processo valeu a pena: em pleno século XIX ele conseguiu não só prever uma das maiores invenções da humanidade, como também construir um dos mais fantásticos romances de ficção científica já publicado.
Sobre el autor
Desde criança, Júlio Verne (1828-1905) já demonstrava espírito aventureiro. Tanto que seu maior passatempo era ouvir as histórias dos velhos marinheiros que perambulavam pelo cais do porto. Aos onze anos, arriscou-se numa primeira aventura. Fugiu de casa e se escondeu num navio cargueiro. Mas não passou da primeira escala do navio: seu pai o descobriu, e a aventura terminou com uma inesquecível surra de chicote.
Seu pai, cujos planos para o futuro do filho eram bem diferentes dos sonhos de Júlio — vê-lo formado em Direito —, não lhe deu outra opção a não ser estudar e tornar-se excelente aluno. No entanto, mesmo com os pés no chão, sua cabeça continuou viajando pelo mundo. Sua matéria predileta era geografia, e seu caderno vivia cheio de desenhos de mapas.
Quando jovem, Júlio Verne mudou-se para Paris, onde ignorou completamente os conflitos que aconteciam na França pós-Napoleão e participou ativamente da vida boêmia da cidade. Ficou amigo de grandes autores, como Victor Hugo e Alexandre Dumas.
Outra grande amizade que mudou a vida de Júlio Verne foi a do fotógrafo Félix Nadar, um apaixonado por balonismo, que o introduziu nessa mania francesa da época.
Júlio Verne escreveu então um romance sobre balonismo, que apresentou ao editor Jules Hetzel, um velho amigo de Nadar. E assim foi publicado o primeiro livro do escritor: Cinco semanas em um balão.
Em decorrência do sucesso da obra, Hetzel propôs a Júlio Verne um contrato de dois livros por ano, prontamente aceito e cumprido ao longo de quarenta anos.
Numa noite de 1905, já com setenta e sete anos, pediu à esposa que lhe trouxesse um exemplar de Vinte mil léguas submarinas, abraçou-se a ele, perguntou pelos filhos, fechou os olhos e morreu.