Em ‘Não as matem’, Lima Barreto levanta a questão do feminicídio, comentando notícias do início do século XX, como as do rapaz de Deodoro, subúrbio do Rio de Janeiro, que quis matar a ex-noiva e suicidou-se em seguida; e de outro que, em dias de Carnaval, atirou sobre a ex-noiva, do Estácio, matando-se em seguida. A moça, com a bala na espinha, veio morrer, dias após, entre sofrimentos atrozes. O mesmo tema vem à baila em ‘Lavar a honra, matando?’, em que Lima Barreto discorre sobre quando integrou um júri que interpelou um marido que matou a esposa, mas foi absolvido do crime. O autor conta que foi coagido a votar a favor do réu – uma denúncia do machismo e das leis frouxas brasileiras desde sempre. Por fim, em ‘Coisas do jogo do ‘bicho’, o escritor conta a história de um tipógrafo que revela obter uma renda maior publicando ‘jornais-oráculos’. Para isso, assumia um personagem nas páginas de O Talismã, o Dr. Bico Doce, que, ‘miraculosamente’, dava palpites velados para o jogo do bicho. Por fim, em ‘O fabricante de diamantes’, Lima Barreto relata o conto ‘homônimo, do renomado escritor H.G. Wells, que fala sobre a história de um homem que passa a vida tentando fabricar diamantes que em um discurso tenta vendê-lo a um desconhecido, na Londres do fim do século XIX.
Sobre el autor
Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu em 13 de maio de 1881 no Rio de Janeiro e morreu em 1º de novembro de 1922. Filho de João Henriques (tipógrafo) e Amália Augusta (professora). Sua mãe morreu cedo, quando ele tinha apenas seis anos, mas com o suporte do senador Visconde de Ouro Preto, seu padrinho, completou os estudos. Iniciou sua escrita com registros da cidade e do cotidiano urbano, mas começou a destacar seu jornalismo literário ao escrever reportagens sobre a demolição do Morro do Castelo. Nesse mesmo período inicia sua produção literária com Clara dos Anjos, Recordações do escrivão Isaías Caminha, além de crônicas, contos e sátiras. Em 1911 escreve o consagrado Triste fim de Policarpo Quaresma. Sua produção continua em vida até 1920. E mesmo após sua morte, em 1922, nos presenteou com Os bruzundangas.