Embora seja antiga a relação entre raça e política no Brasil, é a primeira vez que o público nacional tem em mãos um livro exclusivamente dedicado à questão racial no sistema político, mais precisamente dedicado à dinâmica eleitoral e parlamentar.
Basta acompanhar com alguma periodicidade o noticiário para perceber que a política no Brasil é majoritariamente feita por homens brancos. Se mais da metade dos brasileiros se declarou preto ou pardo no último censo em 2010, a proporção desses grupos na Câmara dos Deputados girou em torno de um quarto nas eleições de 2018. Apesar desse déficit evidente de representatividade racial, apenas recentemente a sub-representação de preto(a)s e pardo(a)s no Parlamento chamou a atenção do debate público.
Por que pretos e pardos têm menos chances de serem eleitos no Brasil? Medidas que visem incluir esses grupos na política são justas e democráticas? Uma vez eleitos, candidatos e candidatas negras costumam se dedicar mais a pautas antirracistas? Só político(a)s negro(a)s podem falar em nome de eleitore(a)s negro(a)s? Apenas negros deveriam preferir candidaturas negras ou todos nós deveríamos fazê-lo? Há uma relação entre democracia e desigualdades raciais? Este livro pretende ajudar a responder a algumas dessas questões. Ele reorganiza as contribuições de mais de cinco anos de pesquisas dos autores sobre a relação entre raça e política, um tema central para a democracia brasileira, mas ainda marginal nos estudos acadêmicos.
Sobre el autor
Luiz Augusto Campos é professor de Sociologia e Ciência Política no Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ), onde coordena o Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA). É autor de ‘Em Busca do Público: a controvérsia das cotas na Imprensa’ (Ed UERJ) e co-autor de ‘Ação Afirmativa: conceito, história e debates’ (Ed UERJ). É editor-chefe da revista DADOS e trabalha com pesquisas sobre raça e política.
Carlos Machado é professor de Ciência Política no Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (Ipol-Un B), onde coordena o projeto de extensão Ubuntu: Frente Negra de Ciência Política e atua como coordenador do Núcleo de Pesquisa Flora Tristán: representações, conflitos e direitos. Tem pesquisas nas áreas de partidos políticos, eleições e antirracismo.