Em ‘O Alienista’, Machado de Assis passeia pela tênue fronteira entre a razão e a loucura. O médico Simão Bacamarte, depois de se mudar para Itaguaí, inicia um experimento para tentar fixar um parâmetro de normalidade e acaba por desestabilizar toda a cidade. A novela, que faz parte do livro ‘Papéis avulsos’, é uma das mais famosas do autor e pode ser lida também como uma paródia ao cientificismo da época.
Sobre el autor
Mestiço de origem humilde que frequentou apenas a
escola primária e foi obrigado a trabalhar desde a infância,
Machado de Assis (1839-1908) obteve a consideração social
numa época em que o Brasil era ainda uma monarquia
escravocrata. Autodidata que se formou na biblioteca do
Gabinete Português de Leitura, sendo aprendiz de tipógrafo
e, depois, revisor, aprendeu tudo sozinho. Precoce — a sua
primeira poesia data dos 16 anos —, triunfou cedo e viu-se
consagrado como poeta aos 25 anos com o livro Crisálidas.
Mas o valor do contista e do romancista é tão excepcional
que o brilho da sua estrela poética nos parece pálido.
É considerado o maior escritor brasileiro de todos os tempos,
o mais extraordinário contista do idioma e um dos
raros romancistas de interesse universal, como o atestam as
traduções das suas obras mais representativas para os principais
idiomas cultos, sem que haja influído nessa preferência a
atualidade dos seus livros, mas sim a perenidade da sua quase
ferina análise da alma humana. As Memórias póstumas (1881)
e o Dom Casmurro (1900), principalmente, mas também
Quincas Borba (1891), Esaú e Jacó (1904), Memorial de Aires
(1908) e muitos dos seus contos, incluídos em Papéis avulsos
(1882), Histórias sem data (1884), Várias histórias (1896)
e Páginas recolhidas (1899), dão-lhe o direito de ocupar a
posição-cume da literatura brasileira, pela originalidade da
concepção, pela agudeza dos conceitos, pela penetrante
análise dos sentimentos e pela perfeição do estilo sóbrio
e conciso.