O jovem busca o pai em uma velha máquina de escrever, igual a que o pai usava para datilografar o fabuloso livro nunca escrito, após um mítico elogio de Gabriel García Márquez. A mulher que criou os filhos sozinha, depois do marido deixá-la para tentar sua felicidade, faz uma viagem à sua cidade natal, Peabiru, e outra a Madrid, buscando-se de dentro e de fora. As inquietações sexuais de um casal já sem a exuberância da juventude, tendo a juventude como uma sombra mal resolvida. Não há passado sem erros, nem futuro com remissões. De onde vem a insônia é composto de seis contos longos, ou pequenas novelas, a depender da classificação que se queira fazer. Se insônias são muitas e tantas, assim como há noites escuras e claras, elas têm em comum a negação à paz do sono e um estado de permanente vigília. Uma vigília forçada, pena imposta por certa turbulência na alma. É pela alma humana que todo grande escritor se interessa, tentando decupá-la, decifrar o indecifrável, entender o que não se explica. O premiado escritor Miguel Sanches Neto maneja com maestria cada história narrada, bem como as histórias não narradas que se entremeiam compondo por vezes visões sólidas, por vezes miragens. E nas camadas cada vez mais profundas dos contos está a tal da alma humana, fugidia, insone, irrequieta, na esperança de que haja, enfim, uma boa noite de sono.
Sobre el autor
Miguel Sanches Neto nasceu em 1965 em Bela Vista do Paraíso, no norte do Paraná. Em 1969, mudou-se para Peabiru, onde passou a infância. Doutor em Teoria Literária pela Unicamp e professor na Universidade Estadual de Ponta Grossa, é autor de mais de 40 livros em diversos gêneros, de diários a aforismos. Publicou vários romances, como Chove sobre minha infância (2000), A máquina de madeira (2012), O último endereço de Eça de Queiroz (2022) e Inventar um avô (2023). Finalista do Portugal Telecom e do Prêmio São Paulo, recebeu, entre outros, o Prêmio Cruz e Sousa (2002) e o Binacional das Artes e da Cultura Brasil-Argentina (2005). Teve trabalhos publicados em diversos países, dentre os quais Itália, Canadá, Espanha. Pela Grua, tem publicado a segunda edição do romance Um amor anarquista. Em 2014, recebeu a comenda da Ordem Estadual do Pinheiro, a mais alta honraria do Estado do Paraná. Em 2018 foi eleito reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa.