O capital está destruindo todas as esferas da vida, consumindo a riqueza da natureza, aprofundando o racismo, sugando a nossa capacidade de cuidar uns dos outros e destruindo a prática política. Nesta análise deslumbrante, a importante teórica Nancy Fraser descreve como o apetite voraz do capital está destruindo o planeta, desenvolvendo uma teoria do ‘capitalismo do século XXI’. Com muitos detalhes, Fraser apresenta uma noção ampliada do capital como uma forma de sociedade e revela os ingredientes extra-econômicos que possibilitam a sua expansão.
Canibalizando áreas inteiras e formas de riqueza que são condições prévias essenciais para o desenvolvimento e funcionamento do capitalismo – como riquezas expropriadas da natureza (ar respirável, terras aráveis e água potável) e dos povos subjugados; múltiplas formas de cuidado, subvalorizadas (se não totalmente negadas) e geralmente realizadas por mulheres; bens e poderes públicos que fornecem infra-estruturas materiais e jurídicas de que o capital necessita para funcionar – nosso sistema devora a democracia, o cuidado e o planeta constituindo uma série de conflitos que até agora pareciam estar isolados. Se quisermos acabar com o capitalismo canibal, temos de superar o reducionismo econômico e construir uma visão ampliada do socialismo, sem repetir as experiências que falharam no século XX. Pode parecer uma tarefa difícil, mas é a nossa única esperança. Essa agenda e o seu roteiro são a alma deste livro que já nasce urgente e essencial.
Sobre el autor
Nancy Fraser (Baltimore, 20 de maio de 1947) estudou Filosofia na City University of New York. É titular da cátedra Henry A. and Louise Loeb de Ciências Políticas e Sociais da New School University, também em Nova York. Coescreveu o manifesto Feminismo para os 99% (Boitempo 2019), e é autora, entre outros, de Fortunes of Feminism: From State-Managed Capitalism to Neoliberal Crisis (Verso, 2013) e Capitalism: A Conversation in Critical Theory (Polity, 2018). Grande apoiadora da Greve Internacional das Mulheres, cunhou a frase ‘feminismo para os 99%’.