O cabelo é analisado na obra de Nilma Lino Gomes não apenas como parte integrante do corpo individual e biológico, mas, sobretudo, como corpo social e linguagem, como veículo de expressão e símbolo de resistência cultural. É nessa direção que a autora interpreta as ações e atividades desenvolvidas nos salões étnicos de Belo Horizonte a partir da manipulação do cabelo crespo, baseando-se nos penteados de origem étnica africana, recriados e reinterpretados, como formas de expressão estética e identitária negra. A conscientização sobre as possibilidades positivas do próprio cabelo oferece uma notável contribuição no processo de reabilitação do corpo negro e na reversão das representações pejorativas presentes no imaginário herdado de uma cultura racista.
Kabengele Munanga
Professor titular do Departamento de Antropologia da USP
Sobre el autor
Nilma Lino Gomes
É doutora em Antropologia Social pela USP, pós-doutora em Sociologia pela Universidade de Coimbra e em Educação pela UFSCAR. É professora titular da Faculdade de Educação da UFMG. Foi fundadora e coordenadora do Programa Ações Afirmativas na UFMG e atualmente integra a equipe de pesquisadores(as) desse programa. É coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Relações Étnico-Raciais e Ações Afirmativas (NERA/CNPq). Foi reitora pro tempore da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB).
Publicou vários livros sobre a questão racial, entre eles: A mulher negra que vi de perto: o processo de construção da identidade racial de professoras negras (Mazza Edições, 1995); Afirmando direitos: acesso e permanência de jovens negros na universidade (Autêntica, 2004), em parceria com Aracy Alves Martins; O negro no Brasil de hoje (Global Editora, 2006), em parceria com Kabengele Munanga; e O movimento negro educador (Vozes, 2017).