Para quem havia lido Os prisioneiros, o lançamento do segundo livro de Rubem Fonseca era um esperado acontecimento. A coleira do cão, publicado em 1965, é em certa medida um diálogo com seu livro de estreia, formando um díptico sobre o homem preso à sua existência. A imagem do cão que, mesmo liberto, carrega um pedaço da corrente, da epígrafe que Rubem Fonseca retira do poeta romano Pérsio, é a outra face da imagem do homem como prisioneiro de si mesmo.Nas oito histórias do volume, Rubem Fonseca prossegue com a exploração de novos temas e recursos narrativos, mas também exercita, em contos longos, a capacidade de imersão completa no universo narrado. Além disso, retoma, em ‘A força humana’, o halterofilista de ‘Fevereiro ou março’, da coletânea anterior, construindo um personagem memorável, que ainda aparece em Lúcia Mc Cartney, no conto ‘O desempenho’.A confirmação de um grande escritor, A coleira do cão é o segundo degrau da construção de uma das obras literárias mais complexas e ricas de nosso tempo, que põe cada leitor diante de sua própria imagem em meio à beleza e à violência do mundo.
Sobre el autor
RUBEM FONSECA
nasceu em 1925 e faleceu em 2020, pouco antes de completar 95 anos, deixando uma contundente obra com trinta livros, entre os quais romances, novelas, coletâneas de contos e O romance morreu, que reúne crônicas publicadas no Portal Literal. Entre seus principais títulos estão Lúcia Mc Cartney (1969), O caso Morel (1973), Feliz Ano Novo (1975), O cobrador (1979), A grande arte (1983) e Agosto (1990). Em 2013 publicou, pela Nova Fronteira, o volume de contos Amálgama, vencedor do prêmio Jabuti de sua categoria. Ainda recebeu outras cinco vezes o Jabuti; em 2003, os prêmios Juan Rulfo e Camões; e, em 2015, o Machado de Assis, concedido pela ABL, pelo conjunto da obra. Seu último livro publicado em vida foi a antologia de contos Carne crua, de 2018.