Vinte anos depois do Edito de Milão, e menos de dez anos após a peregrinação de Helena, mãe de Constantino, à Terra Santa, o Itinerário burdigalense contém o trajeto de um cristão em peregrinação, iniciada no ano 333, aos lugares santos. É o mais antigo relato desse gênero. Itinerários eram como que mapas, com indicação, ao modo de lista, de lugares e distâncias entre determinados pontos, para que o viajante permanecesse no rumo desejado e se assegurasse alojamento e refeição. As descrições da Terra Santa do Pseudo-Euquério (séc. V) e de Teodósio (séc. VI) atestam a multiplicação das igrejas e da vida monástica nos lugares santos, e um resumo destes últimos em Jerusalém (séc. VI) testemunha o interesse crescente por eles. Nas duas versões do anônimo placentino (séc. VI) vê-se desenvolvida uma estrutura de acolhida de peregrinos. Por fim, o monge Adamnano de Iona (séc. VII), sob o tolerante domínio muçulmano, usa a descrição da Terra Santa em chave exegética, e o Venerável Beda (séc. VII), também monge, situa-a no horizonte da peregrinação de todo fiel: aquela rumo à Jerusalém celeste. Em todos esses textos, como objetivo da peregrinação, a geografia aponta a história: os eventos salvíficos da paixão, morte e ressurreição do Senhor.
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