Em forma de diário, a trajetória de um jovem que arruma seu primeiro emprego e vai morar longe da família. Autor, pouco publicado no Brasil, é tido como um dos grandes nomes da literatura italiana do século XX.
Pressionado pelo pai para começar a trabalhar, um jovem deixa sua cidade, a família e a namorada, e parte para a pequena Pontedera, na Itália, onde arrumara emprego como funcionário de uma estação de trem. Ao longo do tempo em que passa longe, mantém um diário e se corresponde frequentemente com a amada.
Esse episódio da vida do escritor italiano Federigo Tozzi (1883-1920) é também o mote do seu breve romance Memórias de um empregado, inédito no Brasil. Tido como um dos nomes mais importantes da literatura italiana do século XX, Tozzi é comparado por críticos a Luigi Pirandello e Italo Svevo. Sua obra permanece, entretanto, pouco conhecida pelos brasileiros.
Memórias de um empregado foi publicado pela primeira vez na Itália em 1920, no mesmo ano em que seu autor morreu, aos 37 anos, vítima da gripe espanhola. Inovador na forma, o romance tem pontuação, ritmo e estilo que ilustram a modernidade do escritor. O projeto gráfico, desenvolvido especialmente para a obra, é inspirado no formato de uma caderneta de anotações, em referência ao diário mantido pelo personagem.
About the author
Federigo Tozzi (1883-1920) nasceu em Siena, na Itália, oitavo filho do casal Ghigo e Annunziata – e o único que sobreviverá à infância. Expulso por mau comportamento do colégio, vai estudar belas artes. Perde a mãe aos 12 anos e, em 1902, abandona os estudos. Inicia correspondência com ‘Annalena’, pseudônimo usado por sua futura mulher, Emma Palagi. Essas cartas serão reunidas posteriormente no livro Novale (1925). Após uma briga violenta, rompe com o pai e, em 1908, passa em um concurso e começa a trabalhar na estação ferroviária de Pontedera. Com a morte do pai, no mesmo ano, volta a Siena, casa-se com Emma e instalam-se na propriedade da família em Castagneto.
Em 1910 tem um poema e um conto publicado em uma revista e escreve uma primeira versão de Memórias de um empregado, já na forma de diário. Publicará alguns livros de poesia às suas expensas, até que muda-se para Roma e passa a frequentar os círculos literários. Conhece Luigi Pirandello, Alfredo Panzini, Grazia Deledda e Giuseppe Antonio Borgese. Após a entrada da Itália na Primeira Guerra, alista-se como voluntário no serviço de imprensa da Cruz Vermelha.
Publica diversos contos em revistas e jornais e, por indicação de Pirandello, começa a trabalhar no suplemento literário do jornal Il Messaggero. Em 1920, depois de ter lançado dois romances, Con gli occhi chiusi e Três cruzes – o único lançado no Brasil – estava preparando a publicação de Il podere e Memórias de um empregado, quando fica gravemente doente, vítima da gripe espanhola. Morre em 21 de março, deixando várias obras inéditas, que foram publicadas postumamente. Memórias de um empregado sai em 1927.