Marco Lucchesi possui um conjunto extenso de obras. De uma pluralidade onde o conceito de gênero e interdisciplinaridade, uma vez mais, deveriam ser repensados seriamente. Ensaios, poemas, romances, traduções, textos jornalísticos, projetos experimentais (tão bem conceituados por Haroldo de Campos). Labiríntico, o percurso poético de Lucchesi não se perfaz em linhas de sucessões, mas por cintilações desestabilizadoras. Não há uma direção a seguir. Estética do Labirinto. Lucchesi compreende a formulação poética enquanto um pensamento que se deve dizer. Mas não desenvolver. O inacabado. A incompletude.
Enfim, a poética de Marco Lucchesi é uma espécie de prova, quase definitiva, de que literatura, acima de tudo, não se faz apenas com ideias vagas e pensamentos dispersos. E muito menos com intenções literárias. Ou seja, as famosas afirmações, sempre esgarçadas, de lugar comum, que banalizam o rigor da verdadeira literatura e subtraem a responsabilidade irrestrita de quem tomou para si desvendar os grandes mistérios que regem, não somente, o Universo. Eis uma literatura que dialoga, tranquilamente, com a História, Filosofia, Matemática, Astronomia, Física e outras áreas do conhecimento. Subjaz em todo seu diálogo poético interdisciplinar a compreensão de que, (especialmente com Octavio Paz, Gaston Bachelard, Gilles Deleuze e Ernesto Sabato), para os poetas existem zonas de realidade não apreensíveis pela racionalidade e que atravessam os possíveis determinismos históricos aos quais estamos, de certa forma, condenados.
A obra Estética do Labirinto: por uma poética de Marco Lucchesi reúne, sob as mais diversas perspectivas, ensaios que buscam compreender o universo literário do autor. Apresenta alguns conceitos-chave que poderão elucidar uma literatura plural e comprometida, fundamentalmente, com a vida. Nessa medida, buscou-se autores, para integrar esta obra, que tivessem diferentes formações e diferentes nacionalidades. Um dos objetivos deste livro é colocar em pauta e em diálogo contínuo diferentes vozes a respeito do conjunto de obras de Marco Lucchesi.
A propos de l’auteur
Ana Maria Haddad Baptista é doutora em Comunicação e Semiótica. Pós-doutoramento em História da Ciência pela Universidade de Lisboa e PUC/SP onde se aposentou. Autora e organizadora de dezenas de livros. Pesquisadora e professora da Universidade Nove de Julho (SP) nos programas de pós-graduação stricto sensu em Educação. Líder do Grupo de Pesquisa (CNPq): Tempo-memória, Linguagens e Educação. Colunista mensal das revistas, impressas, Filosofia e Visão Jurídica da Editora Escala de São Paulo. Editora da Revista Científica Dialogia.
Márcia Fusaro é Doutora em Comunicação e Semiótica (PUC-SP) e Mestra em História da Ciência (PUC-SP). Professora e pesquisadora do Programa Stricto Sensu em Gestão e Práticas Educacionais (PROGEPE) e da licenciatura em Letras da Universidade Nove de Julho. Líder do grupo de pesquisa Artes Tecnológicas Aplicadas à Educação (UNINOVE/CNPq). Membro dos grupos de pesquisa Transobjeto e Palavra e Imagem em Pensamento (PUC-SP/CNPq) e do Centro Interdisciplinar de Ciência, Tecnologia e Sociedade (CICTSUL) da Universidade de Lisboa. Autora do livro Tempo-Memória, Literatura e Ciência e organizadora das coletâneas Mia Couto: uma literatura entre palavras e encantamentos e Artes Tecnológicas Aplicadas à Educação.
Nádia Conceição Lauriti é Doutora em Educação pela Universidade Nove de Julho (tese de doutorado centrada, em parte, nas obras de Marco Lucchesi) mestra em Linguística pela PUC/SP. Especialista em Avaliação Institucional pela Un B. Autora de diversos artigos e livros na interface entre Educação, Comunicação e Análise do Discurso. Organizadora de diversos livros. Entre eles: O Lúdico e a Cognição, Perspectivas da Alfabetização, Avaliação Escolar: vários enfoques e uma só finalidade, Redação: acertos e desacertos da linguagem.