‘A terra é meu quilombo. Meu espaço é meu quilombo. Onde eu estou, eu estou. Onde eu estou, eu sou.’ Nesta coletânea cuidadosamente organizada pelo professor da Universidade Federal de Goiás Alex Ratts, a leitora encontrará textos críticos, entrevistas e a prosa poética de Beatriz Nascimento – intelectual e ativista negra que marcou o universo artístico-cultural da diáspora africana e a história do movimento negro no cenário nacional. Neles, Beatriz tece sérias reflexões que oferecem uma imagem prismática não só da experiência íntima das pessoas negras na universidade e na cena cultural brasileira como também das representações midiáticas e historiográficas que lhes são devolvidas dia após dia por uma sociedade racista e em negação quanto ao próprio racismo. Como existir em um contexto em que a própria existência – passada, presente e futura – é cotidianamente negada? Em que consiste o esforço para estabelecer a própria imagem, reivindicar o próprio imaginário? São essas algumas das perguntas implícitas em O negro visto por ele mesmo, registro precioso sobre o que é ser negro, e se perceber negro, no Brasil. A edição também conta com prefácio de Alex Ratts, posfácio de Muniz Sodré, orelha de Renata Martins e quarta capa de Bethania Nascimento Freitas Gomes.
A propos de l’auteur
MARIA BEATRIZ NASCIMENTO nasceu em 12 de julho de 1942, em Aracaju, migrando com a família para o Rio de Janeiro quando tinha sete anos. Graduada em história pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), consagrou-se como intelectual e militante do movimento negro, atuando em cursos, encontros, conferências, congressos e simpósios voltados sobretudo a discutir relações étnico-raciais no Brasil e na diáspora africana. Em 1989 participou como personagem, narradora e autora de textos do documentário Orí, dirigido por Rachel Gerber. Em 1995, aos 52 anos, foi morta pelo companheiro de uma amiga que sofria violência conjugal. Em 2021, foi homenageada com o título de doutora honoris causa pela UFRJ e, em 2022, tornou-se a primeira mulher negra a receber o mesmo título pela UFF.
ALEX RATTS nasceu em 1964, em Fortaleza. Em 1988, graduou- -se em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Ceará (ufc), em 1996 concluiu o mestrado em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (usp ) e em 2001, o doutorado em Antropologia Social, também pela usp , tendo realizado estágio pós-doutoral em Geografia na ufc em 2015. Desde 2001, atua como professor da Universidade Federal de Goiás (ufg), na qual leciona nos cursos de graduação e pós-graduação em Geografia e de pós-graduação em Antropologia, além de coordenar o Laboratório de Estudos de Gênero, Étnico-Raciais e Espacialidades do Instituto de Estudos Socioambientais (Lagente/Iesa/ ufg). Estuda questões de raça, gênero, sexualidade e espaço em perspectiva interseccional, com foco na intelectualidade negra. É também poeta e ativista do movimento negro.