Considerado um dos maiores nomes da literatura italiana do século XX, Dino Buzzati se dedicou por mais de quarenta anos ao jornalismo, atividade que deu ares realistas à sua escrita, marcada também por traços do surrealismo e por inspirações kafkianas.
Em O deserto dos tártaros, sua obra-prima, já estavam presentes características que décadas depois se desdobrariam em Um amor, seu último romance, tido pela crítica como seu livro mais autobiográfico. Ao narrar a história de Antonio Dorigo, arquiteto de meia-idade que se apaixona pela jovem prostituta Laide, Buzzati dá continuidade à investigação das ansiedades humanas, reafirmando temáticas recorrentes em suas narrativas, como a nostalgia e uma existência moldada pelo vazio e pela solidão. A incompletude do homem vem mais uma vez à tona, agora habilidosamente costurada pela voz de um narrador obssessivo e apaixonado. Esta edição conta com a tradução de Tizziana Giorgini e traz ainda um prefácio inédito do escritor Marco Lucchesi.
A propos de l’auteur
Dino Buzzati nasceu em 1906 em Belluno, Itália. Jornalista, escritor e artista plástico, foi uma das figuras mais importantes da literatura italiana e europeia do século XX, cuja obra foi influenciada por Kafka e pelo surrealismo.
Buzzati iniciou sua carreira jornalística em 1928 no jornal milanês Corriere della Sera, no qual permaneceria por mais de quarenta anos, chegando ao cargo de redator-chefe. Na mesma época, frequentou o Liceo Classico Parini di Milano, laureando-se em jurisprudência com a tese La natura giuridica del Concordato. Estreou na literatura em 1933 com Barnabo das montanhas, ao qual se seguiram numerosos romances e volumes de contos, entre os quais se destacam O segredo do bosque velho (1935), sua obra-prima O deserto dos tártaros (1940), As montanhas são proibidas (1949) e Um amor (1963). Também escreveu e ilustrou livros infantis, como A famosa invasão dos ursos na Sicília (1945), e se aventurou em ensaio, poesia e teatro. Em seus últimos anos, acentuou suas características satíricas e mostrou um interesse pela crítica social que o distinguiu dos escritores italianos de sua geração, mas sempre com a sua original interpretação da realidade.
Dino Buzzati morreu de câncer em 1972, após uma prolongada luta contra a doença.