Todos conhecemos alguém que esteve nas Maldivas. Mas quantos de nós sabem que é um país muçulmano? E que é o país com o maior número per capita de foreign fighters? Nas Maldivas, todos conhecem alguém que esteve na Síria. Apesar da alegada universalidade do ‘califado’, os jihadistas são muito influenciados pelos contextos nacionais. Com frequência, na escolha de se alistar, a marginalização econômica e social tem um papel mais decisivo do que a religião. Ícone do turismo de luxo, sinônimo de paraíso, as Maldivas estão na verdade entre as ilhas mais inóspitas do planeta. A população está concentrada na capital, Male, uma das cidades mais superlotadas do mundo, vítima da pobreza, crime e heroína. Bilhões de dólares vêm do turismo, que acabam nas mãos de um punhado de empresários próximos ao governo, que não tolera qualquer dissidência. Nesta reportagem, não apenas os jihadistas falam. Seus irmãos e amigos falam. Que, mesmo que não compartilhem suas razões, não se opõem a elas, porque não se sentem parte do mundo contra o qual lutam. Os jihadistas nas Maldivas não são os desequilibrados. Eles são nossos motoristas e garçons.
A propos de l’auteur
Francesca Borri (1980) é uma escritora e jornalista italiana. Após uma experiência inicial nos Bálcãs, trabalhou no Oriente Médio, em particular em Israel e na Palestina, como especialista em direitos humanos. Atualmente, ela escreve sobre os palestinos para o Yedioth Ahronoth, o principal jornal de Israe