Publicado em 1931, este romance traz traços marcantes da biografia de Grazia Deledda em uma narrativa que leva o leitor para a sua intimidade, o eu lírico/narradora de A cidade do vento descreve a sua relação com Gabriel, um amor de sua juventude, que desaparece para retornar à sua vida, para o seu tormento, poucos dias após o seu matrimônio com outro homem. Em um jogo de tensões precisamente calculado, passado e presente se entrelaçam diante do olhar do(a) leitor(a) e dão forma à trama arquitetada por Deledda.
Neste romance, a natureza é um de seus principais personagens. O vento, que está no título do livro, é uma de suas forças motrizes: é ele que movimenta e rege a vida das pessoas da inominável cidade italiana onde se passa a trama. O vento pode ser lido como uma metáfora do destino, mas também como a força que rege os ciclos da vida. É para a cidade do vento que a personagem /narradora se muda, logo após o seu casamento e é lá que ela se encontra com um pedaço inconcluso de seu passado com o qual, agora, deve se defrontar. Se considerarmos que vida e literatura são elementos indissociáveis, podemos ponderar que, ao escrever A cidade do vento, Deledda, com a maturidade de seus sessenta anos, pôde voltar os olhos para o passado de forma mais livre, e assim, trazer aos seus leitores uma narrativa única de uma experiência que será sempre universal: a dos amores (muitas vezes inacabados) que carregamos conosco ao longo da existência.
A propos de l’auteur
Grazia Maria Cosima Deledda nasceu na cidade de Nuoro, na Sardenha, Itália, em 27 de setembro de 1871 e morreu em Roma, no dia 15 de agosto de 1936. Ela foi uma das mais importantes expressões literárias da Itália entre os séculos XIX e XX, a primeira (e, até o momento, a única) mulher italiana a ganhar o prêmio Nobel de Literatura, em 1926. Deledda deixou uma obra grandiosa: 32 romances, 250 contos e outras obras. Entre os seus escritos mais conhecidos estão os romances Juncos ao vento, Cinzas e Cosima.