‘Teogonia’ (em grego ‘theogonia’, ‘theos’ = deus + ‘genea’ = origem) é um poema de 1022 versos hexâmetros datílicos que descreve a origem e a genealogia dos deuses. Muito do que sabemos sobre os antigos mitos gregos é graças a esse poema que, pela narração em primeira pessoa do próprio poeta, sistematiza e organiza as histórias da criação do mundo e do nascimento dos deuses, com ênfase especial a Zeus e às suas façanhas até chegar ao poder. A invocação das Musas, filhas da Memória, pelo aedo Hesíodo é o que lhe dá o conhecimento das coisas passadas e presentes e a possibilidade de cantar em celebração da imortalidade dos deuses; e é a partir daí que são narradas as peripécias que constituem o surgimento do universo e de seus deuses primordiais.
A propos de l’auteur
Hesíodo foi um poeta grego arcaico e, assim como ocorre com Homero, não é possível provar que ele tenha realmente existido. Segundo certa tradição, porém, teria vivido por volta dos anos 750 e 650 a.C. Supõe-se, a partir de passagens do poema ‘Trabalhos e dias’, que o pai de Hesíodo tenha nascido no litoral da Ásia e viajado até a Beócia, para instalar-se num vilarejo chamado Ascra, onde teria nascido o poeta; supõe-se também que ele tenha tido um irmão, Perses, que teria tentado se apropriar, por meios ilegais, de uma parte maior da herança paterna do que a que lhe cabia, exigindo ainda ajuda de Hesíodo. Acredita-se que a única viagem que Hesíodo teria realizado tenha sido a Cálcis, com o objetivo de participar dos jogos funerários em honra de Anfidamas, dos quais teria sido o ganhador e recebido um tripé pelo desempenho na competição de cantos. Apenas três das obras atribuídas a Hesíodo resistiram ao tempo e chegaram às nossas mãos: são elas os ‘Trabalhos e dias’, a ‘Teogonia’ e ‘O escudo de Héracles’.