Jean-François Sirinelli é um dos nomes mais destacados da historiografia francesa atual, sendo autor de livros importantes no campo da História do Tempo Presente. Várias de suas publicações tornaram-se obras de referência, por abordarem temas fundamentais para a história do século XX, como os intelectuais, as direitas, a cultura de massa e a ebulição político-cultural dos anos 1960. Suas pesquisas situam-se no (ou propõem um) encontro entre o político e o cultural, resultando em reflexões férteis e originais. Além de contribuir para o conhecimento histórico propriamente dito, os trabalhos do autor são inspiradores na busca de instrumentos teórico-conceituais adequados ao estudo dos fenômenos próximos do nosso tempo.
Neste belo livro, escrito com elegância e clareza, ele revisita alguns de seus temas prediletos, que implicam questões importantes para os historiadores e demais interessados nesse campo: as relações complexas entre história e memória, o impacto das guerras, a influência das culturas políticas, a história cultural do político, as mídias e a democracia, os dilemas da história política ante a ampliação de escalas espaciais (transcendendo as fronteiras nacionais) e temporais. Um dos pontos altos do livro é sua contribuição para o debate sobre os limites cronológicos da história do tempo presente, em que Sirinelli usa a bem inspirada metáfora do pôlder.
Muitas são as razões para ler este livro. Quem o fizer não se arrependerá.
Rodrigo Patto Sá Motta
A propos de l’auteur
Jean-François Sirinelli
Se define como um restituidor de complexidades. Desde sua biografia cruzada de Jean-Paul Sartre e Raymond Aron (Sartre et Aron, deux intellectuels dans le siècle), ele vem tramando história intelectual, cultural e política numa deriva que o aproximou cada vez mais de uma história do tempo presente. Diretor da Revue historique e presidente do Comitê Científico de História da Unesco, Sirinelli é autor e organizador de diversas obras, entre as quais Para uma história cultural (em parceria com Jean-Pierre Roux, traduzida em Portugal), Mai 68: l´événement Janus e Les intellectuels en France, de l’Affaire Dreyfus à nos jours. Abrir a história é seu primeiro livro publicado no Brasil.