O Grupo Editorial Almedina, com o fim de celebrar os 200 anos do grande poeta Antônio Gonçalves Dias, convidou o também poeta e jornalista José Nêumanne Pinto, intelectual de comovente sensibilidade e solidária presença na intelligentsia brasileira, para fazer uma seleta dos poemas do grande maranhense e marcar esta passagem com textos representativos. Os leitores da coleção LER & RELER têm agora boa amostra dos versos de Gonçalves Dias. É grande a falta que ele nos faz. Recomendamos que seja lido, relido e entendido. O leitor que lê por gosto ou por precisão sabe que adentra a esse livro gostando previamente daquele cujos versos estão no Hino Nacional Brasileiro. Por quê? Porque são belos, em primeiro lugar. E porque realmente espelham a grandeza da pátria, neste instante especial, mas em outros instantes também. Entretanto, Lúcia Miguel Pereira diz que, prestes a suicidar-se, a lembrança da mãe fez Antônio Gonçalves Dias resistir e desistir. Mas outra tragédia o aguardava: foi a única vítima fatal de um naufrágio em que todos se salvaram, menos ele.
A propos de l’auteur
O bebê Antônio Gonçalves Dias não poderia saber, nem ele nem seus pais, que era o primeiro fruto infantil e poético de nossa independência política, proclamada havia menos de um ano antes de o poeta nascer. ‘Poeta nascitur, non fit’ (o poeta nasce, não se faz), eis o belo dito da Roma antiga atribuído a Cícero. Era 10 de agosto de 1823 em Caxias, no Maranhão. O pai de Toninho era João Manuel, que vivia amasiado com Vicência, mulher casada com outro, de quem se separara. Ah, esse tempo verbal delicioso, o mais-que-perfeito. Precisamos criar-lhe uma reserva para protegê-lo, pois que vem sendo abolido no português coloquial do Brasil. O pai assumiu claramente o filho, provendo-lhe a melhor das heranças: a boa educação, a instrução. O filho o recordará com melancolia profunda e designará o luto com a famosa frase ‘essa dor que não tem nome’. O bebê não envelheceu e morreu afogado em 3 de novembro de 1864, aos 41 anos.