Tema atualíssimo, Clara do Anjos é uma denúncia das mais contundentes do preconceito social e racial vigente na sociedade brasileira. Ambientado no Rio de Janeiro, este romance, concluído em 1922, é uma das muitas investidas de Lima Barreto sobre o tema da discriminação, em que ele também expõe, por meio de sua protagonista, uma jovem suburbana pobre e negra, e sua dramática história, as nefastas consequências da formação repressora, super protetora e machista dada às mulheres.
A propos de l’auteur
Afonso Henriques de Lima Barreto (13/5/1881-1°/11/1922, Rio de Janeiro) era filho de João Henriques e Amália Augusta (falecida quando o autor tinha apenas 6 anos de idade), ambos negros, nascidos livres e instruídos, algo raro na época. Estudou no Colégio Pedro II e chegou a cursar até o 3º ano de Engenharia, na Escola Politécnica, quando teve de abandonar, em razão do agravamento dos problemas mentais de seu pai. Foi aprovado no concurso para amanuense no Ministério da Guerra (1904), onde se aposentou. Começou no jornalismo (1905) e fundou
a revista Floreal (1907), que só teve quatro números.
Sua obra-prima, Triste fim de Policarpo Quaresma (1915), revela a vida das classes populares nos subúrbios cariocas. Considerado o grande cronista do fim do séc. XIX, sua produção literária e jornalística é intensa, apesar do diagnóstico de neurastenia aguda e crônica.
Em sua segunda internação, inicia o Diário do Hospício (1919). Morre precocemente aos 41 anos.