Um dos mais conhecidos contos do autor brasileiro Lima Barreto (1881 – 1922) ganha a sua versão em quadrinhos pelas mãos de Caeto.
Publicado originalmente em um jornal carioca, em 1911, O homem que sabia javanês narra em primeira pessoa as aventuras do jovem Castelo recém-chegado à capital brasileira, durante a República Velha. Sem muito apreço pelo trabalho, o rapaz vive deixando dívidas pelas pensões em que se hospeda, até se deparar com um anúncio publicado no Jornal do Commercio: certo Barão procura por um professor de javanês. Mesmo sem conhecer a língua falada em terras muito distantes, Castelo candidata-se à vaga.
Observador sagaz do mundo à sua volta, Lima Barreto não economiza no humor e no sarcasmo ao apresentar a história do farsante professor, expondo sem condescendências, uma sociedade que valorizava as aparências em oposição ao verdadeiro conhecimento.
Em diálogo muito afinado com o autor pré-modernista, Caeto consegue representar a ironia contida no texto e retratar a paisagem urbana do Rio de Janeiro, os personagens e os costumes do início do século XX, contribuindo para que possamos entrar, ainda mais, no clima da história.
A propos de l’auteur
Caeto é artista plástico, ilustrador e quadrinista.
Estudou quadrinhos no Estúdio Pinheiros, com o professor Domingos Takeshita.
No mercado editorial desde 2000, colaborou com publicações culturais e trabalhou como ilustrador para diversas editoras. Foi editor das revistas independentes Sociedade Radioativa e Glamour Popular, na qual publicou suas histórias em quadrinhos. Escreveu e desenhou duas HQs autobiográficas, Memória de elefante e Dez anos para o fim do mundo (Quadrinhos na Cia.).
Em 2014, quadrinizou sua versão da novela A morte de Ivan Ilitch, do escritor russo Liev Tolstói, pela coleção Clássicos em HQ da Peirópolis. Em 2018, iniciou parceria com seu aluno de desenho Masanori Minomiya, lançando a HQ Nori e eu, com roteiro de Sonia Minomiya (WMF Martinsfontes). Desde então, publicou mais duas HQs em parceria com Masanori, 3 contos do Machado (Miolo Mole) e Machado de Assis em quadrinhos (WMF Martinsfontes). Para 2025, preparam, em coautoria, a quadrinização de Vidas secas, de Graciliano Ramos, que será publicada pela Peirópolis.
Lima Barreto foi um jornalista e escritor brasileiro. Nascido em 13 de maio de 1881, no Rio de Janeiro, filho de um tipógrafo e de uma professora escravizada liberta, Afonso Henriques de Lima Barreto cresceu no seio de uma família de poucas posses. Embora a data oficial da abolição da escravatura tenha coincidido com seu aniversário de sete anos, Lima Barreto nunca deixou de sentir na própria pele as injustiças, desigualdades e o preconceito racial que marcam a nossa sociedade até hoje. Tudo isso se fez muito presente em sua obra. É autor de romances, crônicas e contos. Uma de suas obras mais célebres é o romance Triste fim de Policarpo Quaresma. Com saúde bastante fragilizada pelo alcoolismo, Lima Barreto faleceu no Rio de Janeiro, de enfarte, aos 41 anos de idade, em 1922.