Texto clássico da literatura francesa, A guerra dos botões é uma obra tão importante que já teve diversas adaptações para o cinema, para quadrinhos e até para uma ópera.
Lebrac é o líder de uma gangue de garotos que se dedica a enfrentar a gangue rival, comandada por L’Aztec, morador da aldeia vizinha. Têm senhas, códigos secretos e combatem com espadas de madeira, estilingues e armadilhas.
Trata-se de uma batalha sem piedade, que acontece há várias gerações. Os dois grupos rivais, garotos de 7 a 14 anos, lutam pela honra e pela lealdade, mas lançam mão de qualquer recurso para vencer. Ambos os lados agem sem que os adultos suspeitem, e o objetivo dos embates é tomar os botões das roupas do inimigo.
A história não narra apenas uma brincadeira de crianças: é também uma imagem de como a sociedade se comporta. É como um retrato da sociedade, em que cada indivíduo tem seu papel, e o desejo de poder o faz seguir em frente.
Publicado pela primeira vez em 1912, o romance claramente antimilitarista de Louis Pergaud diz muito sobre o processo de amadurecimento que todos experimentamos nessa fase da existência, quando ainda não compreendemos bem o mundo adulto.
A propos de l’auteur
Louis Pergaud (1882-1915) foi escritor, poeta de guerra e soldado francês. Passou a infância em Landresse, no leste da França, próxima à fronteira com a Suíça. A cidade é conhecida pelas tradições rurais, que se mantêm vivas até hoje e cuja influência se pode encontrar em sua obra mais famosa: A guerra dos botões, história de uma guerra lúdica entre meninos de duas aldeias vizinhas. Os ‘mortos’ tinham os botões de suas roupas removidos como troféus antes de serem mandados para casa.
O romance começa com humor, mas fica mais sinistro à medida que brincadeira e violência se tornam indistintas entre os meninos. Mesmo assim, é nítida (e assumida pelo autor) a influência de François Rabelais (1494-1553), um escritor francês brincalhão e desbocado que zombava de todo mundo, especialmente dos hipócritas. Clássico da literatura infantil francesa, a obra foi muitas vezes reimpressa e até hoje faz parte do currículo oficial do ensino médio na França..
Filho de um professor republicano, Pergaud foi incentivado a se destacar nos estudos. Seus sucessos acadêmicos lhe renderam bolsas que lhe permitiram estudar com a intenção de seguir os passos de seu pai. Em 1901, completou seus estudos na École Normale de Besançon.
Em 1910, publicou uma coleção de contos sob o título De Goupil à Margot; a obra recebeu o prestigiado Prêmio Goncourt, o que lhe valeu algum reconhecimento nacional. Seu trabalho focava as semelhanças entre o amoral presente nos instintos animais e o imoral dos seres humanos, uma atitude, sem sombra de dúvidas, orientada por seu fervoroso antimilitarismo. Em 1911, publicou sua primeira coleção de pequenas histórias sobre animais: La revanche du corbeau [A vingança do corvo], seguida do romance Le roman de Miraut [O romance de Miraut], tratando do mesmo tema. Ele escreveu muitas outras histórias sobre o reino animal, publicadas postumamente.
Professor de profissão, em 1907, Pergaud decidiu se mudar para Paris para seguir sua carreira literária. Suas obras em prosa são frequentemente consideradas como influenciadas pelos movimentos Realista, Decadente e Simbolista.
Pergaud foi morto em 1915, enquanto servia ao exército francês na Primeira Guerra Mundial. Tinha 33 anos.