Neste marco do colorismo, com fortes tintas autobiográficas, Helga Crane é filha de pai negro e mãe branca e, portanto, não tem lugar nos Estados Unidos racista dos anos 1920. Conhecemos Helga em uma universidade para ‘ascenção’ das pessoas negras, no Sul. Desencantada com a condes- cendência dos reitores e a submissão ao discurso moralista branco, Helga foge para Nova York, onde esperava uma sociedade negra mais assertiva e independente, porém o que encontra é uma burguesia eternamente discutindo ‘a questão racial’ em coquetéis e festas. Abandona o Harlem pela Dinamarca, terra de sua mãe, e lá é vista (e cobiçada) como ‘exótica’. Uma repentina ‘consciência de cor’ a leva de volta a Nova York. Sem ter encontrado seu lugar nem no meio negro, nem no meio branco, Helga desiste das inquietações intelectuais e se torna esposa de um pastor em uma comunidade do Sul profundo… para logo deparar-se com o triste papel das mulheres no meio religioso.
A propos de l’auteur
‘Os livros de Nella Larsen abriram para mim um mundo todo novo de experiências e lutas que me parecia, quando os li pela primeira vez anos atrás, completamente envolvente, fascinante e indispensável.’ ALICE WALKER
‘Quando mergulha na complexidade das personagens e no mundo que as rodeia, Nella Larsen toca não apenas nas fraturas que fragmentavam a comunidade negra e a sociedade do norte da América, mas que ainda fissuram estes mesmos grupos e também toda a diáspora negra. A autora fala para os dela e para os distantes de sua realidade temporal e social, como nós, os brasileiros e brasileiras da terceira década do século 21.’ ELIANA ALVES CRUZ