Cuidado. Este livro quer te comer. O suculento naco que você tem agora em mãos (ou já sobre o prato?) traz os dentes afiados e a mais tenra fome temperada com fartas doses de apetite e gula. Mordisque algumas páginas, galerias e câmaras, e seu estômago é que gritará para devorá-lo! Porque são tantas as fomes salivando entre si, famélicas umas das outras, que, seja abocanhando, seja engolindo, ao fim estaremos saciados. O que difere então uma isca do prato principal? Banquete e junk food? Humano, animal, mente, corpo, civilização, barbárie, sol, luz fluorescente, desejo, moral…?
‘Preencher as frestas em silêncio’ ou, parafraseando o jacaré narrador desta história, a vida é apenas o intervalo entre o que nos alimenta de verdade – e só a variedade alimenta. Por isso você lamberá os dedos para mudar estas páginas. Por isso regurgitará a digestão e vice-versa. Como bem disse Sebastian Salto: ‘Minha fome é maior do que eu mesmo.’ O mundo é definitivamente um grande estômago – e é preciso tê-lo para sobreviver engolindo sapos e comendo moscas. Existe luz no fim do esgoto, ou melhor, dentro dele, melhor ainda: existe humor gourmet in natura.
A propos de l’auteur
Santiago Nazarian é autor dos romances Mastigando humanos, Feriado de mim mesmo, A morte sem nome e Olívio . Em 2003, recebeu o Prêmio Fundação Conrado Wessel de Literatura por seu romance de estréia. Em 2007, foi eleito um dos autores jovens mais importantes da América Latina, nas comemorações do Hay Festival em Bogotá, capital mundial do livro. Suas obras foram publicadas também na Europa e América Latina. Mora em São Paulo e, além de escritor, é tradutor, roteirista e colabora com diversos periódicos.