Genoveva Bravo Genovés vive em Therox, lugar fictício dentro de um país real. Lugar de nome tão forasteiro à Bolívia como os agentes da DEA infiltrados na cidade, cuja economia depende sobretudo do narcotráfico. Uma garota como tantas, como todas, tateando sua identidade em meio ao dia a dia com a família, no colégio só para senhoritas, através do encantamento com o misterioso Mestre Hernán e sua aura de guru new age. Neste romance de formação, da boliviana Giovanna Rivero, os valores rígidos do catolicismo, tão arraigados em nosso continente, colidem com o misticismo popular que a adolescente vivencia em casa ao lado da cálida e colorida figura da avó. A distância no tempo e espaço (estamos em meados dos anos 1980) em nenhum momento afasta Genoveva de nós. Pelo contrário, seu crescimento ao longo do romance nos parece tão íntimo, sua dimensão humana tão visceral, que nos tornamos mais do que testemunhas de sua história; enquanto nossa heroína-narradora escreve em um diário os pensamentos e até as maldades próprias da soberba juvenil, nos tornamos seus confidentes, uma espécie de diário-leitor (ou leitor-diário), capazes de entrever suas incoerências, falhas de julgamento, as mentiras que conta a si mesma, mas também sua ternura e, acima de tudo, a vontade de alçar voos maiores, muito maiores do que a pequena Therox pode oferecer.
About the author
Giovanna Rivero (Montero, Bolívia, 1972) é escritora e doutora em literatura hispano-americana pela Universidade da Flórida. Foi professora de semiótica e jornalismo por muitos anos na Universidade Privada de Santa Cruz de la Sierra.
É autora dos livros de contos Las bestias (1997), Prêmio Municipal de Santa Cruz; Contraluna (2005); Sangre dulce (2006); Niñas y detectives (2009); Para comerte mejor (2015), Prêmio Dante Alighieri, publicado no Brasil em 2022 pela Editora Peabiru; e Tierra fresca de su tumba (2020), lançado no Brasil em 2021, numa coedição das editoras Incompleta e Jandaíra.
Rivero publicou quatro romances: Las camaleonas (2001); Tukzon (2008); Helena 2022 (2011); e 98 segundos sin sombra (2014), transposto ao cinema pelo diretor boliviano Juan Pablo Richter e vencedor do Prêmio Audiobook Narration.
Entre seus livros juvenis, destacam-se La dueña de nuestros sueños (2005) e Lo más oscuro del bosque (2015), livro recomendado do ano pela Academia Boliviana de Literatura Infantil e Juvenil. Além disso, a autora colabora com jornais e revistas de diversos países.
Em 2004 participou do Iowa Writing Program e em 2007 recebeu a bolsa Fulbright. Em 2005 obteve o Prêmio Nacional de Contos Franz Tamayo e, em 2015, o Prêmio Internacional de Contos Cosecha Eñe. A Feira Internacional do Livro de Guadalajara de 2011 incluiu Rivero na lista dos ’25 Segredos Literários Mais Bem Guardados da América Latina’.
Atualmente, a escritora vive nos Estados Unidos, onde dá aulas de escrita.