Pode-se ler este livro como uma alegoria: o deserto em que vagueia o anacoreta, por entre penhascos e areia, tudo povoado por fantasmagorias e alucinações, é também o da literatura, aquele espaço literário, já esvaziado, repleto de tentações, e que Maurice Blanchot, num gesto de pura e absoluta genialidade, soube ler, de modo tão preciso quanto complexo, como etapa decisiva na formação da chamada literatura moderna.
Alias, seria toda uma outra e longa história pensar no deserto como espaço formador da própria literatura: neste caso, deserto é, ou pode ser, sinônimo de recusa e de negatividade, uma das categorias fundamentais, como se sabe, do moderno em literatura e nas artes.
É um arco tenso: desde o que há de desértico na Mancha, de Cervantes e do comovente Cavaleiro da Triste Figura, até aquele dos tártaros de Buzatti. Ou aquele capaz de provocar o aparecimento de um pomar às avessas, como está no João Cabral de Melo Neto de Psicologia da composição.
JOÃO ALEXANDRE BARBOSA
Table of Content
Índice
A TENTAÇÃo DE (SÃO) FLAUBERT, 9
Paul Valéry
AS TENTAÇÕES DE SANTO ANTÃO
I, 17
II, 31
III, 49
IV, 61
V, 123
VI, 169
VII, 179
APÊNDICE
A SANTIDADE EM CRISE, 217
Contador Borges
REDON E FLAUBERT: TENTAÇÕES CRUZADAS NO SANTO ANTÃO, 239
Denis Bruza Molino
About the author
Gustave Flaubert foi um escritor francês. Prosador importante, Flaubert marcou a literatura francesa pela profundidade de suas análises psicológicas, pelo seu senso de realidade.