O livro Entre nós mesmas – Poemas reunidos conjuga três obras fundamentais da trajetória poética da escritora, poeta e ativista norte-americana Audre Lorde, publicadas nas décadas de 1970 e 1980, período de seu maior engajamento pelas causas do movimento negro, LGBT e dos direitos civis nos Estados Unidos.
Juntos aqui, Uma terra onde o outro povo vive (1973), Poemas escolhidos – velhos e novos (1978) e Entre nós mesmas (1982), este último que dá nome à esta edição, apresentam um potente panorama da produção de sua poesia, meio de expressão em que Audre Lorde melhor refletiu sobre os temas da opressão social, a violência contra a população negra, a diáspora africana e as referências de sua cultura iorubá, o feminismo, filhos e o amor.
‘Este Entre nós mesmas nos oferta poemas que, como todos os bons poemas, exigem diversas leituras. Não se trata de uma poesia a ser explicada, contextualizada, mesmo à guisa de introdução, é mesmo fundamental a experiência de lê-la, porque a poesia de Audre Lorde é uma circunferência de ressonância (não cabe em caixas, urge reiterar) da mulher profunda que guardamos, ainda num lugar mais recôndito do que a subjetividade. Uma mulher de múltiplas vozes e infinitas faces, uma mulher-Audre, que nos convida à implicação na transformação do mundo observando as sete direções que a ancestralidade africana nos propõe: à frente e atrás, em cima e embaixo, do lado esquerdo e do lado direito e dentro.’, aponta a escritora Cidinha da Silva, na apresentação do livro.
A tradução foi feita por Tatiana Nascimento, poeta, tradutora e editora, juntamente com a também tradutora Valéria Lima. A revisão técnica é de Jess Oliveira e o texto de orelha é de Joice Berth. O livro é bilíngue e traz ainda um glossário com dos termos de origem africana presentes na edição, um apanhado das obras de e sobre Audre Lorde publicadas no Brasil e no exterior e uma detalhada nota biográfica da autora.
लेखक के बारे में
Audre Lorde foi escritora, poeta, ativista e referência nas lutas feministas, LGBT, do movimento negro e pelos direitos civis. Nascida em Nova York, Estados Unidos, em 1934, filha de pais caribenhos estabelecidos no bairro do Harlem, Audrey Geraldine Lorde abriu mão do ‘y’ de seu nome original ainda criança, optando por um nome mais simétrico: Audre Lorde, conforme conta em sua ‘biomitografia’ Zami. (Zami: A New Spelling of My Name). Também ainda criança, começou a escrever seus primeiros poemas.Formou-se em biblioteconomia pela Universidade da Cidade de Nova York, em 1959. Ao longo do curso de graduação, exerceu diversas funções para se sustentar: técnica de raio-x, operária de fábrica, ghost-writer, secretária, supervisora de vendas. Depois de formada, passou a trabalhar como bibliotecária, completou o mestrado nesta mesma área na Universidade de Columbia e, em 1966, assumiu o posto de biblioteca-chefe em uma escola em Nova York, onde permaneceria até 1968. Paralelamente, desde o começo dos anos 1960, escrevia ensaios e sua poesia era regularmente publicada em revistas e antologias. Também participava ativamente dos movimentos culturais LGBT, e de ações pelos direitos civis e das mulheres.
Seu primeiro livro de poesia, The First Cities, foi publicado em 1968. A partir de então, daria início a uma produtiva trajetória de escrita e publicações de livros de ensaio e de poesia.212 213 Casou com o advogado Edwin Rollins, com quem teve dois filhos, Elizabeth e Jonathan. O casamento durou até o ano de 1970. A partir de então, Audre Lorde assume sua relação amorosa com Frances Clayton, mulher branca, professora de psicologia, com quem ficaria até 1989.Os anos 1970 e 1980 seriam de intensa militância e ativismo político, feminista e lésbico, o que está fortemente impresso em sua obra poética do período. Em 1977, tornou-se editora de poesia no jornal feminista Chrysalis e três anos mais tarde fundou, junto com a escritora Barbara Smith, a editora Kitchen Table: Women of Color Press, para disseminar a produção de feministas negras. Entre 1984 e 1992, desenvolve um importante trabalho em Berlim, dando aulas, palestras e atuando no movimento de mulheres afro-alemãs. Um belo registro deste período está em Audre Lorde – The Berlin Years 1984–1992, documentário de Dagmar Schultz. Desde do fim da década de 1970, Audre Lorde lutou contra o câncer. Chegou a fazer mastectomia para eliminar um tumor de mama, mas a doença reincidiu anos depois no fígado. A experiência foi narrada no premiado livro The Cancer Journals, lançado no início dos anos 1980. No fim da mesma década, mudou-se para Saint-Croix, uma ilha no Caribe, onde viveu seus últimos anos ao lado da socióloga e ativista Gloria Joseph. Audre Lorde continuou escrevendo e publicando até o início dos anos 1990, quando morreu, aos 58 anos. Após seu falecimento, em 1992, seus arquivos passaram a integrar a coleção do Spelman College, em Atlanta. Ao longo de sua carreira, Audre Lorde recebeu diversos prêmios, entre os quais destacam-se as bolsas concedidas pelo National Endowment for the Arts (de 1968 e 1981) e pelo Creative Artists Public Service Program (de 1972 e 1976) e o prêmio de excelência literária de Manhattan, de 1987. Em 1991, foi nomeada poeta laureada pelo estado de Nova York.