Édouard Glissant (1928-2011) foi um pensador da diáspora que elaborou um impactante projeto filosófico e poético para refletir sobre os efeitos da colonização. Para isso, liberou-se das matrizes conceituais do Ocidente, abrindo espaço para que o sujeito afrodiaspórico se tornasse protagonista da análise de sua própria experiência estética e cultural.
Um dos seus mais importantes conceitos é o da Relação, um processo de contaminação de todas as diferenças reunidas sob as correntes da escravidão e do colonialismo. A Relação pressupõe conhecer o abismo dessa experiência, pois é a partir dela e da abertura da imaginação que se dá a partilha de mundos unidos pela própria separação.
Poética da Relação, ensaio filosófico atravessado por uma linguagem poética, se tornou uma referência em todo o mundo, além de título essencial da bibliografia de Glissant, autor de uma obra colossal, englobando ensaios, poesia, romances e teatro.
Prefácio de Ana Kiffer e Edimilson de Almeida Pereira. A capa tem imagem do artista visual brasileiro Arjan Martins, acompanhada de texto do curador Paulo Miyada.
लेखक के बारे में
Édouard Glissant nasceu em 1928, em Sainte-Marie, na Martinica. Foi autor de uma extensa obra, entre ensaios filosóficos, romances, poesia e teatro. Na juventude, por influência de Aimé Césaire, se aproxima do surrealismo e participa ativamente do grupo literário e político Franc Jeu. Muda-se para Paris em 1946 e inicia os estudos de filosofia, na Sorbonne, e de etnografia, no Musée d’Homme. A partir dos anos 1950, engaja-se em movimentos pela descolonização ao lado de escritores como Frantz Fanon e René Depestre.
Seu primeiro livro de poemas, Un Champ d’Îles, é lançado em 1953. Três anos mais tarde publica o ensaio Soleil de la Conscience – Poétique I, inaugurando a série de livros de um projeto conceitual e poético marcado por uma rara originalidade, do qual fariam parte Poética da Relação, de 1990, Traité du Tout-Monde – Poétique IV, de 1997, e La Cohée du Lamentin – Poétique V, de 2005.
A Relação, um dos conceitos centrais de sua obra, também está presente em O discurso antilhano, de 1981, seu trabalho mais conhecido. Como ficcionista, lançou oito romances, entre eles La Lézarde (1953), pelo qual recebeu o Prêmio Renaudot. Glissant teve uma significativa carreira universitária, lecionando nas universidades da Louisiana e de Nova York, e desenvolveu importantes atividades na Unesco.
Em 2010 publicou seu último livro de ensaios, Philosophie de la Relation. Morreu em Paris, em 2011. Édouard Glissant foi um pensador incansável, ousado, provocador e plenamente dedicado à tarefa de refletir sobre os efeitos da colonização e (re)imaginar o mundo.