Podemos imaginar esses textos proferidos em voz alta pela autora, sentada em um canto na Piazza Navona, oscilando o tom de acordo com a gravidade do assunto, do peso das palavras. Ela não grita – fala, apenas –, e os transeuntes se detêm, curiosos, ao escutarem sentenças definitivas como ‘a arte é o contrário da desintegração’. Aproximam-se para ouvir o que vem depois: ‘porque a razão da arte é impedir a desintegração da consciência humana, em seu cotidiano desgastante e uso alienante com o mundo; é restituir-lhe, continuamente, a realidade’. Enfim permitem-se ficar, sentam-se ao seu lado para ouvir a própria história de seu mundo enquanto acompanham a mudança da luz, ‘uma testemunha visível, que não é uma substância terrestre, mas uma qualidade característica do céu’. Elsa Morante apresenta nesses ensaios o seu olhar inconfundível que origina devaneios e convicções sobre temas tanto – aparentemente – simplórios, como a sua piazza, quanto polêmicos, como a bomba atômica. Se o compromisso do artista é com a realidade, nada basta e nada deve escapar. Contemos com Morante, com o seu olhar implacável e comovente, para treinarmos o nosso olhar.
लेखक के बारे में
(1912-1985), considerada uma das mais importantes escritoras do século XX, inicia muito jovem a escrever as suas primeiras histórias em revistas e jornais. Em 1936 conhece Alberto Moravia e, em 1941, o casal se casa. Em 1948 é publicado o seu primeiro grande romance, Menzogna e sortilégio que recebe Prêmio Viareggio. Em 1957 é publicado L’Isola di Arturo, vencedor do Prêmio Strega. Seu casamento com Moravia se desfaz em 1961. Em 1963, publica a antologia de contos Lo scialle andaluso e em 1968 os poemas e canções que compõe o volume Il mondo salvato dai ragazzini e altri poemi. Morante publica em 1974 La Storia; ao que segue Aracoele, em 1982.