‘Um duplo assombra o mundo, o duplo da abstração. A fortuna de Estados e exércitos, empresas e comunidades depende dela. Todas as classes rivais, sejam elas dominantes ou dominadas, reverenciam-na – mas a temem (…) Todas as classes temem essa incansável abstração do mundo, da qual ainda depende sua fortuna. Todas as classes menos uma: a classe hacker’
Recorrendo a Guy Debord e Gilles Deleuze, igualmente, Um manifesto do hacker, da escritora Mckenzie Wark, oferece uma reformulação do pensamento marxista para a era do ciberespaço e globalização.
Na revolta generalizada contra a informação mercantilizada, a autora vê uma promessa utópica que vai além da forma da propriedade privada e uma nova classe progressista – a classe hacker – com interesse compartilhado em um novo bem comum: o acesso à informação.
O domínio da chamada ‘propriedade intelectual’ dá origem a um tipo inédito de conflito entre classes, que opõe criadores de informação – a classe hacker, composta por pesquisadores e autores, artistas e biólogos, químicos e músicos, filósofos e programadores – contra uma classe proprietária, que procura tomar o monopólio sobre as informações que a classe hacker produz. Wark define habilmente, para citar um exemplo, as disputas entre demandas cada vez mais estridentes de empresas, como as farmacêuticas, pela proteção de suas patentes e direitos autorais, e a cultura popular, difundida por meio de compartilhamento de arquivos e da pirataria.
O objetivo audacioso da obra, ao longo de capítulos como ‘abstração’, ‘classe’, ‘produção’, ‘revolta’, entre muitos outros, é demonstrar as origens, propósitos e interesses dessa classe hacker emergente, responsável por criar um novo mundo e novas formas de associação capazes de nos afastar da destruição provocada pela exploração mercantilizada. Nas palavras da própria autora:
‘Os maiores hacks de nosso tempo podem vir a ser formas de organizar a livre expressão coletiva, de modo que, a partir de agora, a abstração esteja a serviço do povo, e não do povo a serviço da classe dominante’
विषयसूची
Pensar Um Manifesto Hacker 20 anos depois
Considerações sobre Um manifesto hacker
ABSTRAÇÃO
CLASSE
EDUCAÇÃO
HACKEANDO
HISTÓRIA
INFORMAÇÃO
NATUREZA
PRODUÇÃO
PROPRIEDADE
REPRESENTAÇÃO
REVOLTA
ESTADO
SUJEITO
EXCEDENTE
VETOR
MUNDO
ESCRITOS
लेखक के बारे में
Mc Kenzie Wark (New Castle, 1961) é professora de Mídia e Estudos Culturais na New School for Social Research e Eugene Lang College, em Nova York. Seus escritos e projetos políticos se voltam para a análise do neoliberalismo tecnológico, além de escrever sobre os diversos movimentos situacionistas, mídia-tática e movimentos antiglobalização. Autora de livros como Um manifesto hacker (no prelo), Reverse Cowgirl (2020, MIT Press), entre outros. Mc Kenzie também é DJ e vive amplamente a cultura da música techno e seus movimentos.