Em 1849, uma notícia no Jornal do Commercio do Rio de Janeiro anunciava a chegada do navio francês Havre et Guadeloupe na Cidade Maravilhosa. A embarcação era uma escola naval para jovens que queriam se dedicar à marinha. Se, à primeira vista, a chegada do navio no porto do Rio de Janeiro causou certa apreensão, os princípios de religião e moral defendidos pelo comandante logo tranquilizaram a opinião pública.
A bordo do mesmo navio, o jovem Édouard Manet (1832-1883) seguia sua rotina de aprendiz de marinheiro, sonhando com o dia em que se tornaria um oficial da Marinha francesa. Por meio de cartas escritas aos seus parentes, ele conta os detalhes da sua travessia do Atlântico, desde a partida do porto do Havre até a chegada na Baía da Guanabara. Ele narra livremente suas primeiras impressões sobre o Brasil e os brasileiros, mostrando seu espanto com a soberba da elite carioca e com a condição dos escravizados daquele período.
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Nascido em Paris, Édouard Manet (1832-1883) entrou para a História como um dos pintores mais importantes do século XIX. Muitas vezes erroneamente relacionado aos impressionistas, produziu telas com um estilo único, abordando novos temas e lançando mão de novas técnicas que desafiaram os críticos e a sociedade da época.
De marinheiro frustrado a pintor incompreendido, Manet, em vida, escandalizou Paris com telas como Déjeuner sur l’herbe [‘Almoço na Relva’], que entraria para a história da arte moderna ao ser exposta no Salão dos Recusados.
Dividido entre os amores, o trabalho no estúdio, as conversas com outros artistas contemporâneos, sua saúde se tornaria cada vez mais precária.
Édouard Manet faleceu em 30 de abril de 1883 e, no ano seguinte, em sua homenagem, realizou-se uma exposição póstuma na Escola Nacional de Belas Artes em Paris.